Tarifas dos EUA devem encarecer redes e atrasar 6G, aponta consultoria
As novas tarifas comerciais adotadas pelo governo dos Estados Unidos no início de abril devem afetar diretamente a cadeia global de fornecimento de equipamentos de rede e provocar atrasos no desenvolvimento das redes 6G. A previsão é da consultoria Juniper Research, que publicou uma análise na última semana a respeito dos efeitos da medida sobre o setor de telecomunicações.
A política tarifária da administração Trump impõe um imposto mínimo de 10% sobre todos os bens importados, com alíquotas maiores para alguns países. Em resposta, China, Canadá e União Europeia anunciaram retaliações, elevando o risco de uma nova guerra comercial entre as maiores economias do mundo.
No setor de telecomunicações, a Juniper avalia que os impactos tendem a ser mais complexos. A consultoria destaca que, por se tratar de um mercado de alto valor e baixo volume, os equipamentos de rede não permitem substituição fácil de fornecedores. Juntas, cinco empresas (Huawei, Ericsson, Nokia, ZTE e Samsung) concentram mais de 90% do mercado global. Além disso, as restrições a equipamentos de fornecedores chineses em diversas regiões reduzem ainda mais as alternativas disponíveis para as operadoras.
Impacto sobre operadoras dos EUA
De acordo com a análise, as operadoras norte-americanas como AT&T, Verizon e T-Mobile terão de absorver os custos adicionais de importação. A Juniper prevê que esses custos serão repassados aos usuários finais, especialmente diante da margem reduzida obtida com planos de telefonia móvel. A estratégia de redução do custo total de propriedade (TCO) nas redes, recorrente desde o 5G, deve continuar como prioridade.
Embora o 5G tenha sido lançado comercialmente nos EUA em 2019, as redes ainda passam por atualizações e expansão. Os investimentos para atender clientes corporativos com soluções específicas seguem como foco, ao mesmo tempo em que se discute a próxima geração tecnológica.
6G pode sofrer atraso
Segundo a Juniper Research, os novos custos impostos pela política tarifária surgem em um momento crucial para o setor, com as discussões iniciais sobre o 6G sendo conduzidas por organismos como o 3GPP, a União Internacional de Telecomunicações (ITU) e o ETSI (Instituto Europeu de Padrões de Telecomunicações).
A consultoria lembra que o 5G ainda não entregou o retorno financeiro esperado, e alerta que as operadoras não devem repetir os mesmos erros com o 6G. A expectativa é de que as empresas priorizem modelos de negócios voltados para o mercado corporativo, com controle direto sobre a cobrança dos serviços prestados — e não apenas atuando como “tubos” de conectividade.
A projeção da Juniper é que os primeiros testes com redes 6G ocorram a partir de 2028, com lançamento comercial em 2029 — no fim do próximo ciclo presidencial nos EUA. Caso as tarifas comerciais se mantenham até lá, a consultoria acredita que as operadoras adotarão uma abordagem mais conservadora em relação ao 6G, o que pode adiar o cronograma de implementação.
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