“Hoje, não vendo só tecnologia. Entrego a solução como serviço”, diz diretor da Teltec
A transformação digital virou palavra de ordem nas corporações, mas a realidade mostra que, diante de uma crise de segurança cibernética, muitas empresas ainda tropeçam no básico: não sabem quem acionar, como isolar o sistema comprometido ou sequer se há backup recente dos dados.
É esse o vácuo que a Teltec Solutions quer ocupar com sua nova estratégia de servicificação, um modelo em que o cliente não compra apenas tecnologia, mas um ciclo completo de diagnóstico, implementação, operação e resposta a incidentes.
“Hoje, quando falo em risco digital com o cliente, não ofereço só um produto. Aponto o problema e entrego a solução completa como serviço”, explica Murilo Schulz, diretor de serviços da empresa. “A TI deixou de ser só ferramenta. Virou parte central da continuidade do negócio.”
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De integradora a provedora de serviços
Com mais de 30 anos de atuação no mercado de tecnologia, a Teltec cresceu como integradora de soluções em infraestrutura e cloud computing. Nos últimos anos, consolidou-se como parceira de grandes fabricantes globais, operando com certificações ISO 27001, 20000 e 37001.
Agora, o foco está na vertical de cibersegurança como serviço, com destaque para seu SOC 24×7 (Security Operations Center) e o modelo MSSP (Managed Security Service Provider). “Ter um SOC interno é caro e exige mão de obra escassa. Nosso papel é permitir que o cliente foque no core business e confie na gente para defender o perímetro digital”, afirma Schulz.
A Teltec diz que, ao longo de 2024, seu SOC foi a área que mais cresceu em número de contratos e de pessoas. E o plano para 2025 é ampliar ainda mais a oferta: automatizar processos, incorporar inteligência artificial em larga escala e construir um “oráculo” interno, um repositório inteligente de conhecimento técnico aplicado à segurança.
Crise como serviço
Durante entrevista exclusiva ao IT Forum, concedida no Cyber Drift 2025, em Balneário Camboriú (SC)*, o diretor de serviços da Teltec, Murilo Schulz, destacou a importância de preparar as empresas para cenários de crise cibernética, inclusive antes que eles ocorram. Uma das estratégias citadas é o uso de tabletops, simulações de incidentes conduzidas com os clientes como forma de treinamento preventivo.
“Para nós, sala de crise é rotina. Para o cliente, é um evento único e assustador. Por isso simulamos antes, com eles, para que saibam como reagir na hora certa”, diz o executivo. A lógica é preparar o terreno para quando o “ransomware bater na porta”. Nessas simulações, a empresa orienta desde o isolamento da máquina até os contatos com áreas jurídicas e de comunicação.
Esse tipo de serviço, resposta a incidentes simulada e acompanhada por especialistas, está cada vez mais procurado por empresas que reconhecem que não adianta apenas comprar tecnologia. É preciso saber usá-la sob pressão.
O desafio do Sul: letramento e convencimento
A servicificação proposta pela Teltec não é apenas uma oferta comercial. É, também, uma resposta ao contexto de maturidade digital do país — em especial da região Sul, onde a empresa tem sua base e onde, segundo seus executivos, há defasagem na adoção de tecnologias emergentes, em comparação com os grandes centros econômicos do Sudeste.
“Há dificuldade de letramento digital, baixa retenção de talentos e o desafio constante de convencer os conselhos administrativos a priorizarem segurança e TI”, afirma Gabriel Wurster, gerente de vendas e arquitetura da empresa para o setor privado.
A decisão de realizar o evento em Balneário Camboriú, reunir parceiros de diversas regiões e trazer debates sobre IA, deepfakes e ransomware reflete a tentativa da Teltec de estimular um ecossistema mais informado, colaborativo e proativo.
IA e automação: menos alarde, mais ação
Embora a inteligência artificial tenha ganhado popularidade com ferramentas como o ChatGPT, Schulz aponta que o uso de IA no SOC da Teltec é anterior a essa onda e segue evoluindo em duas frentes: produtividade interna e personalização de resposta.
Hoje, algoritmos treinados pela própria Teltec, com dados internos, são usados para interpretar padrões, cruzar logs e sugerir remediações. A decisão final, no entanto, segue com os analistas humanos. “A automação nos dá o caminho. O especialista valida e age. Isso reduz de 20 para 5 minutos uma análise, sem perder qualidade”, afirma.
A empresa afirma que o uso de IA não gerou demissões, mas permitiu crescer mantendo a qualidade. “Nosso objetivo não é ser o maior, e sim o melhor. O SOC nunca estará 100% pronto, mas queremos estar sempre prontos para o próximo ataque”, diz Schulz.
Serviços como antídoto à ansiedade corporativa
Em tempos de aumento nos afastamentos por burnout e ansiedade, a Teltec também aposta na preparação psicológica dos seus times e na construção de relações de confiança com os clientes. “A ansiedade nasce quando você não sabe o que fazer. Se você tem um plano, um processo e uma equipe por perto, já é meio caminho andado”, diz o diretor.
Na visão da empresa, o serviço bem estruturado não entrega só um produto ou SLA. Ele reduz ruído, dá previsibilidade e garante que, mesmo em um momento crítico, alguém sabe exatamente o que fazer.
Transformar soluções em serviços, e crises em rotina controlável, é a aposta da Teltec para continuar crescendo em um cenário em que cibersegurança deixou de ser diferencial e passou a ser condição de sobrevivência.
“Hoje, vender tecnologia não basta. É preciso assumir a responsabilidade junto com o cliente”, conclui Murilo Schulz. “É isso que a servicificação entrega.”
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