Teleestudas ou teletrabalhas?

A recente notícia de que Marissa Mayer, brilhante nova diretora geral de Yahoo!, proibiu fulminantemente o teletrabalho dentro de sua empresa, caiu como uma bomba. “Não quero mais vagabundos de pijama”, parece que declarou como explicação, em um alarde de tato. Se trata de uma inteligente medida para estimular os empregados, apoiarem-se mutuamente, e melhorar sua produtividade ou, ao contrario, é um golpe na mesa de uma jovem recém- chegada a que não está á altura do posto?

Parece uma decisão corajosa , não isenta de risco. É uma disposição tão incisiva que se pode voltar contra Mayer, que por outro lado, e pese a ser loura, não tem um pelo de tonta. O que a levou então a ordenar uma ação tão impopular? Para começar, a situação de sua empresa, que nos últimos anos viu como seus imediatos competidores a foram superando no seu próprio terreno. A contratação de uma das dirigentes estrela de Google, sua mais direta competência, foi com o objeto de criar uma catarse interna e de impulsionar para cima a até então claudicante ação da companhia. Este último se conseguiu, inclusive antes de que Mayer se incorporara oficialmente a seu posto (estava de licença maternidade), porém para o primeiro não basta uma adequada gestão, ademais há que tomar medidas drásticas que ponham a empresa no foco de atenção mediático. Dito e feito.

Agora bem, Yahoo! Não é uma empresa qualquer: sua filosofia, desde que os jovens Jerry Yang e David Filo a criaram na Califórnia há quase vinte anos, tem sido a de gerar um clima de trabalho dinâmico e aberto para seus empregados, estratégia que tem sido remedada por muitas outras start-ups de Sillicon Valley. Mas é que ademais, Yahoo! é uma empresa de Internet. Não é então um contrassenso evitar que seus empregados se beneficiem de uma das grandes vantagens da Rede? É coerente esta política com a filosofía da empresa?

Talvez nos últimos tempos, alguns empregados tenham abusado deste beneficio social, mas penso que as melhores soluções nunca estão no branco nem no negro, mas sim em uma posição intermediária. A razão principal pela qual se chega a tomar esta decisão é aumentar o controle sobre o empregado. E esta é uma medida um pouco sinistra.
Vejamos algumas das vantagens que o teletrabalho oferece:

  • Se ganham horas no dia, ao não ter que sofrer engarrafamentos diariamente. Isto se reverte em um estado anímico melhor.
  • Se deposita confiança nas pessoas. Normalmente isto motiva para bem.
  • Supõe uma economia de custos , tanto para a empresa quanto para o trabalhador.
  • Faz com que se concilie melhor a vida familiar com a laboral, especialmente para as mães.
  • Se acabaram esses caras de pau que só fazem que trabalham e que só aguentam no escritório até cinco minutos depois que o chefe vai embora .
  • Se a negociação econômica para incorporar a um candidato se entrava, sempre é bom lançar mão do teletrabalho para acrescentar mais um incentivo.
  • Facilita em muitos casos a expansão da empresa, por não necessitar um escritório físico em uma nova localidade.
  • Os empregados estão mais comprometidos com sua organização.
  • Por não necessitar viver na mesma cidade na que se encontra a sede da companhia, é possível selecionar melhores equipes.
  • Se não se precisa madrugar tanto, se está menos cansado ao longo do dia, o que reverte em uma maior produtividade.
  • Ao realizar o trabalho em um ambiente mais relaxado, se estimula a criatividade.
  • A sociedade também se beneficia, por haver menos veículos nas estradas e menos congestionamentos, o que se traduz em menores índices de estresse e em uma melhora para o meio ambiente.
  • O café de casa é muito melhor do que da máquina do escritório.

Porém não nos esqueçamos de que nem tudo é cor rosa:

  • Pode ser mais fácil escapar das tarefas.
  • Para formar equipe, é preferível o contato direto.
  • A interação direta fomenta ademais o intercambio de ideias.
  • Por não ter uma presença física dentro da sede, se perde visibilidade, e portanto, possibilidades de promoção pessoal.
  • É difícil montar uma reunião de urgência.
  • Com dispositivos como os smartphones e sem se mover de casa, hoje em dia é difícil traçar a linha entre quando você se está dedicando à sua empresa e quando à sua vida pessoal.
  • Em casa não se obriga a nada.

O que foi dito, nada é branco ou negro. Que tal um sistema misto onde você possa trabalhar a metade dos dias remotamente e o resto no escritório? Embora o sistema perfeito não exista, para mim este é o ideal: Se oferece flexibilidade ao trabalhador, se atrai talento e se faz equipe. O tempo dará e tirará razões, mas creio (e espero) que o teletrabalho seja uma tendência em alta para os próximos anos, apesar dos Mayers do mundo.

Fonte: http://www.criarweb.com/artigos/telestudas-teletrabalhas.html

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