Terceiro setor no Brasil está mais conectado, mas potencial da internet é pouco explorado

O terceiro setor no Brasil está mais conectado, no entanto, a maioria das ONGs parece ainda não saber como explorar melhor o potencial da Internet, principalmente quando o assunto é a captação de recursos. Essas descobertas foram identificadas pela 4ª edição da TIC Organizações Sem Fins Lucrativos, lançada nesta quinta-feira (13) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

De acordo com o levantamento, o uso da Internet por organizações brasileiras do terceiro setor cresceu de 71% em 2016 para 82% em 2022. Entretanto, as entidades de menor porte e que atuam nas áreas de desenvolvimento e defesa de direitos predominam o restante (18%) das ONGs que não usam a Internet em suas atividades.

Quando analisados os principais motivos do aumento da conectividade do setor, a pesquisa indica que expansão da rede de fibra óptica no país foi o grande catalisador. Em 2016, apenas 30% das organizações tinham acesso à fibra óptica. Hoje, 81% delas contam com a tecnologia.

A nova edição do TIC chama atenção para o predomínio no uso do telefone celular (89%) pelas ONGs, o que impõe limites à diversificação das atividades realizadas por essas organizações. O uso de notebook (74%), computador de mesa (70%) e tablet (23%) aparecem na sequência.

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Outra realidade observada foi a que a  maioria dos dispositivos eram pessoais, e não de propriedade das organizações. Em relação ao celular, em 76% das organizações, os equipamentos pertenciam àqueles que nelas atuavam, situação inversa quando se fala em computador de mesa (em que 60% eram de propriedade das organizações, contra 32% pessoais) e notebooks (51% contra 43%).

“A adoção de dispositivos pessoais é um indicativo de que, a despeito dos avanços na conectividade, essas organizações ainda apresentam limitações quanto às capacidades internas para a adoção de tecnologias digitais. Isso é relevante porque as TIC têm um potencial de fortalecer a gestão das organizações e sua comunicação interna, bem como suas relações o público externo e a sociedade em geral”, avalia Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Presença social

A pesquisa também buscou avaliar a presença das organizações nas redes sociais, que oferecem um importante canal de comunicação para suas atividades. Em 2016, 60% das ONGs possuíam perfil ou conta própria em redes sociais. Atualmente, seu uso atinge 71% delas.

O Facebook foi o mais usado: 61% delas possuem perfil nessa plataforma. WhatsApp ou Telegram (55%), Instagram, TikTok ou Flickr (48%) e YouTube ou Vimeo (37%) também apareceram na lista. Em menores proporções, foram mencionados Twitter (10%), LinkedIn (9%) e WordPress, Blogspot ou Medium (6%). Já a presença online das organizações via website manteve-se estável, variando de 37% para 36%.

As organizações sem fins lucrativos também usaram as redes sociais para interagir com seu público e a sociedade em geral. Exemplo disso é que 76% das organizações responderam a comentários e dúvidas, e 73% realizaram lives ou transmissões online em tempo real de eventos. As organizações também usaram as redes sociais para mobilização, como a postagem de opiniões e posicionamentos sobre temas relacionados a sua atuação, realizadas por 63% delas.

Se as estratégias de comunicação no setor migraram para o ambiente digital, o mesmo não se aplica à captação de recursos, que ainda é pouco realizada através da Internet. Embora tenha ocorrido um aumento expressivo na porcentagem de organizações que receberam doações online entre 2016 e 2022 (foi de 6% para 22%), a prática ainda ocorre em parte menor das entidades.

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