Trem a 160 km/h atropela e mata cinco trabalhadores na Itália; ministro aponta erro humano

Ao menos cinco trabalhadores com idades entre 22 e 52 anos, que realizavam trabalhos noturnos de manutenção nas vias ferroviárias, morreram na madrugada desta quinta-feira, 31, ao serem atropelados por um trem nos arredores de Turim, no norte da Itália, em um acidente do qual outros dois escaparam ilesos, embora estejam sob observação. Eles estavam prestes a iniciar a substituição de alguns trilhos quando foram atingidos perto da cidade de Brandizzo pelo trem, que viajava a uma velocidade de 160 quilômetros por hora, segundo detalhou a imprensa local. “É uma grande tragédia”, disse à imprensa o prefeito de Brandizzo, Paolo Bodoni, acrescentando que não se pode “descartar que tenha havido um erro de comunicação”. Também se encontra em estado de choque o maquinista que conduzia o trem, assim como outras quatro pessoas que viajavam em um dos vagões e que não ficaram feridas no acidente.

A Rede Ferroviária Italiana (Rfi) manifestou “seu profundo pesar pelo incidente” em uma nota, na qual explicou que “os trabalhos de manutenção estavam sendo realizados por uma empresa terceirizada” e que “um trem que não estava em serviço comercial atropelou alguns trabalhadores”. O impacto foi tão violento que arrastou os corpos por várias centenas de metros, enquanto dois deles conseguiram sair do caminho do trem – que não transportava passageiros, apenas vagões da linha entre Milão e Torino – e atualmente estão sob observação no hospital de Chivasso. Segundo o ministro de Transportes, Matteo Salvini, um “erro humano” foi o responsável pela tragédia, contudo, acrescentou que ainda se investigam as circunstâncias. Diversas greves foram convocadas para solicitar “penalidades mais severas” aos culpados de acidentes de trabalho.

“Morrer à noite em um trilho não é admissível em 2023. O Ministério Público está investigando. A norma atual prevê que não se pode trabalhar nos trilhos se não tiver sido certificado que o trânsito está suspenso. Cabe obviamente ao Ministério Público para saber o que eles estavam fazendo lá, embora certamente pareça um erro humano”, disse Salvini. As principais associações do país convocaram amanhã uma paralisação de 4 horas para os trabalhadores ferroviários, enquanto o sindicato USB já convocou hoje uma greve nacional de 24 horas a partir das 15h30 (horário local, 10h30 de Brasília) para pedir que “aqueles que põem em perigo a vida dos trabalhadores paguem pelo seu crime com penas severas”.

“O gravíssimo acidente é mais um episódio de uma história já escrita, feita de contratos, privatizações, incumprimento das normas de segurança, aumento do ritmo de trabalho e cortes de pessoal. O resultado são os assassinatos no trabalho, hoje cinco corpos esquartejados por um trem que passava a 160 km/h e parou um quilômetro depois de atropelar os trabalhadores”, afirmou o sindicato. O acidente causou comoção no país e o presidente italiano, Sergio Mattarella, expressou a sua “dor” porque “morrer no trabalho é um ultraje aos valores da convivência.

*Com informações da EFE