Trump é mais preparado que Kamala para enfrentar a ascensão dos Brics

O Brics, formalmente criado em junho de 2009, reunia Brasil, Rússia, Índia e China, que tinham como característica comum serem economias emergentes, em desenvolvimento. Em 2010, a África do Sul também aderiu ao grupo, incluindo o “S” (South Africa) que faltava no Bric. De lá para cá, o grupo se expandiu com a entrada de Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. Além desses países, há outras nações com intenções de aderirem ao bloco, como Turquia, Indonésia, Tailândia, Vietnã e Malásia, entre outras.

A expansão dos Brics coincide com o maior protagonismo no campo geopolítico de seus fundadores e membros-chave, como Rússia e China. Desde o final da Guerra Fria, o mundo unipolar, dominado pela hegemonia norte-americana cedeu espaço para uma ordem multipolar com a ascensão de Rússia e China no campo geopolítico, energético e econômico.

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Com o fim do comunismo, a Rússia conseguiu reorganizar sua economia, se tornando uma grande produtora de petróleo, alimentos e diversas commodities, além de manter a condição de potência militar. Sua força foi comprovada na medida em que o país conseguiu sobreviver à sanção americana de exclusão do sistema financeiro internacional, com a impossibilidade de realizar qualquer transação comercial e econômica em dólar. Mesmo com a guerra na Ucrânia, o país cresceu e sua moeda valorizou. Em parte, a sobrevivência russa às sanções norte-americanas se deu pela porta de comércio aberta com a China.

O gigante asiático, hoje mais próximo da Rússia, adotou uma política diferente do Kremlin com o fim da guerra fria. Conseguiu manter a ditadura comunista no campo político, ao mesmo tempo em que abria economicamente o país para atrair multinacionais pela mão de obra extremamente barata. A estratégia foi bem sucedida, e a China se tornou hoje uma super potência militar e econômica.

Tanto Rússia quanto China são os principais interessados na adesão de novos países aos Brics para rivalizar com os EUA, seja no campo geopolítico, seja no campo econômico. Embora os Brics não sejam formalmente um bloco econômico, a adesão ao grupo poderá facilitar as transações comerciais entre os países membros. Além disso, o bloco estuda alternativas para não utilizar o dólar como moeda para transações comerciais, econômicas e financeiras.

O atual candidato e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, enxerga esse movimento com preocupação. Ele já disse que os EUA têm uma grande vantagem pelo fato de o dólar ser utilizado como a moeda global para transações comerciais e financeiras. Se deixarem de utilizá-lo, os EUA se enfraquecem economicamente, na medida em que terão mais dificuldades de financiar a sua dívida sem o mecanismo de emissão de moeda.

Lidar com a ascensão dos Brics e com a queda da hegemonia norte americana, frente ao maior protagonismo de Rússia e China, exige que o próximo presidente dos EUA seja muito inteligente e estratégico, e antes demais nada, um excelente negociador. Nesse quesito Trump nada de braçada, enquanto Kamala Harris deixa muito a desejar – a começar pelas suas gafes internacionais.