Trump presta depoimento na Justiça de Nova York por caso de fraude familiar

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depões nesta segunda-feira, 6, em Nova York, em processo sobre fraude. Ele é acusado de inflar o valor de seus ativos para beneficiar seu império imobiliário, em um dos muitos casos que podem afetar sua pretensão de voltar à Casa Branca no próximo ano. “É uma guerra política”, disse o republicano ao entrar no tribunal. O bilionário, de 77 anos, chegou às 10h (12h em Brasília) ao tribunal no sul de Manhattan e, à imprensa, voltou a atacar a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que exige uma multa de US$ 250 milhões (R$ 1,2 bilhão na cotação atual), contudo, não estão sujetios a prisão. Tanto a procuradora-geral quanto o juiz responsável pelo caso são regularmente alvo da ira do republicano desde o início desse julgamento no início de outubro. Desde então, o ex-presidente já chamou Engoron de “desequilibrado” e de “agente democrata, da esquerda radical, que odeia Trump”. O magistrado impôs duas multas a Trump, US$ 5.000 e US$ 10.000 (R$ 24,5 mil e R$ 49 mil na cotação atual), ao determinar que o empresário violou uma ordem de silêncio imposta depois de atacar o escrivão do juiz nas redes sociais.

Em trechos da primeira declaração, ele qualifica o processo como “a maior caça às bruxas da história do país” e afirma que a procuradora-geral do Estado de Nova York, Letitia James, está “fora de controle”. “No final, a única coisa que importa são os fatos e os números. E os números, meus amigos, não mentem”, disse James, nesta segunda, ao chegar à corte. Trump compareceu à Justiça duas vezes por este caso: em 10 de agosto de 2022 e em 13 de abril deste ano. Esse processo não terá júri, e destino do ex-presidente será decidido pelo juiz. Este caso é apenas um dos muitos problemas jurídicos do ex-presidente que, conforme as pesquisas de intenção de voto, é o favorito para se tornar o candidato republicano à eleição presidencial de 2024. Até agora, dois de seus filhos testemunharam: Donald Jr. e Eric, executivos da Trump Organization, um conglomerado que administra arranha-céus, hotéis de luxo e clubes de golfe em todo o mundo.

Antes dos argumentos iniciais, Engoron decidiu que o gabinete da procuradora-geral havia apresentado “evidências conclusivas” de que Trump exagerou seu patrimônio líquido em documentos financeiros, entre US$ 812 milhões e US$ 2,2 bilhões entre 2014 e 2021 (R$ 3,9 bilhões e R$ 10,7 bilhões na cotação atual). Como resultado, o juiz ordenou a liquidação das empresas que administravam os ativos em questão, como a Trump Tower e os 40 arranha-céus de Wall Street, em Manhattan, além da propriedade Seven Springs, nos arredores da cidade. Os advogados de Trump rejeitam as acusações de fraude, argumentando que as avaliações imobiliárias são subjetivas e que os bancos que concedem empréstimos à organização não perderam dinheiro. No processo, Engoron também deverá se pronunciar sobre se outros crimes financeiros foram cometidos, assim como sobre qualquer outro tipo de multa.

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Na sexta-feira, 3, Eric Trump, filho do republicano, concluiu sua audiência no julgamento por fraude contra a empresa da família e garantiu que seu pai estava “entusiasmado” para prestar seu depoimento. “Não fizemos absolutamente nada de errado”, disse aos jornalistas. “Temos uma companhia muito melhor do que jamais poderiam imaginar”, assegurou. Eric Trump, de 39 anos, e seu irmão mais velho Donald Jr., de 45, são vice-presidentes-executivos da Organização Trump, um conglomerado de empresas que administra edifícios residenciais, arranha-céus de escritórios, hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo. Os dois adotaram basicamente a mesma linha de defesa: que os estados financeiros da empresa, que segundo as autoridades foram fraudados, foram elaborados por contadores e que confiavam plenamente neles.

Cada vez que Trump vai aos tribunais, ele aproveita a situação, diante da presença numerosa de meios de comunicação, para se apresentar como vítima do que considera um complô democrata para prejudicar sua campanha à presidência. Sua filha Ivanka Trump, que deixou a organização da família em 2017 para se tornar sua assessora principal na Casa Branca, também foi intimada a depor, apesar de não ter sido indiciada neste caso. Ela recorreu dessa intimação, mas o recurso foi rejeitado e é possível que seja convocada a partir da próxima quarta. O julgamento civil por fraude é uma das várias frentes que Trump enfrenta na Justiça americana em sua tentativa de recuperar a presidência. Em março, será julgado em Washington por conspirar para anular os resultados das eleições de 2020. Em maio, responderá na Flórida por acusações de manuseio indevido de documentos governamentais de alto sigilo. O republicano também foi indiciado por conspirar para alterar os resultados eleitorais no estado da Geórgia, após sua derrota para o democrata Joe Biden em 2020.

*Com informações da AFP