Trump vai ser preso? Saiba o que pode acontecer na audiência desta terça

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comparecerá às 15h (16h em Brasília) a um tribunal federal em Miami para o caso mais comprometedor aberto contra ele até o momento. Ele foi indiciado por administrar segredos de Estado de maneira negligente, colocando em perigo a segurança nacional. Trump enfrenta 37 acusações, incluindo violações da Lei de Espionagem, declarações falsas e conspiração relacionadas a sua gestão de material confidencial após deixar o cargo. Essa é a primeira vez que um ex-presidente foi indiciado por crimes federais, e a segunda que Trump é acusado criminalmente desde março. Apesar das expectativas, é difícil saber os rumos da audiência, mas, tecnicamente, os registros do tribunal afirmam que a audiência de Trump será uma “aparição inicial no tribunal”, então, é provável que a aparição sirva para formalizar as acusações contra o ex-presidente, conforme Scott Sundby, professor de direito da Universidade de Miami, em entrevista ao ‘The New York Times’. Trump está comparecendo ao tribunal depois de receber uma intimação, ele já viu e conhece as acusações que enfrenta e as discutiu com sua equipe jurídico, e é esperado que ele se declare inocente.

Como procedimento padrão, é esperado que Trump tenha os dados colhidos pelos U.S. Marshals, uma polícia do judiciário federal americano. O procedimento padrão exige que ele tire suas impressões digitais e tire uma foto. Essas fotos não são divulgadas ao público, de acordo com as regras do tribunal federal. Também espera-se que o juiz estabeleça as condições sob as quais Trump deve ser liberado até o julgamento. Especialistas jurídicos ouvidos pelo jornal norte-americano dizem que é altamente improvável que o juiz exija que Trump pague fiança ou entregue seu passaporte como condição para ser liberado. Espera-se que ele seja libertado sob fiança, o que significa que provavelmente não terá nenhuma restrição sobre ele enquanto o processo criminal se desenrola. Trump, 76 anos e pré-candidato para retornar à presidência é acusado pela Procuradoria de ter conservado documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca, incluindo alguns que continham informações secretas sobre armas nucleares. Esta é a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos é indiciado pela Justiça federal. No início de abril, ele foi indiciado por fraude contábil no estado de Nova York por um pagamento efetuado antes das eleições presidenciais de 2016 para silenciar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante. Mas o caso julgado em Miami parece mais comprometedor para Trump.

Operação do FBI

Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional. Outra lei proíbe a manutenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros. Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca e seguiu para sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos. De acordo com a acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Algumas tinham as palavras “segredo de Defesa”. Em janeiro de 2022, depois de receber vários pedidos das autoridades, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos confidenciais. Convencidos de que Donald Trump não havia entregado todos os documentos em seu poder, vários agentes do FBI entraram em Mar-a-Lago em 8 de agosto e levaram mais de 30 caixas com 11.000 documentos.

Trump considera o caso uma “caça às bruxas” para prejudicar sua candidatura à presidência. O republicano acusou uma interferência do presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu rival nas eleições de 2024. De acordo com uma de suas advogadas, Trump vai se declarar inocente. O comparecimento do ex-presidente provoca temores com a segurança ao redor do tribunal, depois que cidadãos ultraconservadores convocaram manifestações em defesa de Trump. “Levamos este evento muito a sério”, afirmou o chefe de polícia de Miami, Manuel Morales, na segunda-feira. Assim como aconteceu depois da audiência em Nova York em abril, Trump convocou os simpatizantes para um discurso que, desta vez, acontecerá em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.

*Com informações da AFP