Ucrânia convida Lula para visitar Kiev e compreender a ‘agressão assassina’ da Rússia

Em meio a aproximação do Brasil com a Rússia e a China e após as declarações polêmicas do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na semana passada, a Ucrânia convidou o mandatário brasileiro para visitar Kiev para que “compreenda” a realidade da agressão russa. Lula está sendo acusado de ser favorável à Moscou. Essa é a segunda vez em menos de dois meses que os ucranianos fazem o convite ao brasileiro. O primeiro tinha sido em fevereiro, quando a guerra completou um ano. Dias depois o convite, durante uma conversa por videoconferência entre os líderes em março, o convite foi reiterado e o petista manifestou disposição em atendê-lo em um momento adequado. Ele também chamou Volodymyr Zelensky para vir ao Brasil. O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou no Facebook o presidente brasileiro por colocar “a vítima e o agressor no mesmo nível” e por atacar os aliados da Ucrânia que a ajudam a “proteger-se de uma agressão assassina”. Nikolenko pediu a Lula que “compreenda as reais causas e a essência” da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.

Na semana passada, durante visita à China, Lula disse que os norte-americanos estão encorajando a guerra na Ucrânia ao fornecer armas para o exército. “A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países. Também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia. Nós precisamos convencer as pessoas de que a paz é a melhor forma de estabelecer qualquer processo de conversação”, acrescentando que é “preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz, para a gente poder convencer Putin e Zelensky que a paz interessa a todo mundo e que a guerra por enquanto só está interessando aos dois”. Na segunda-feira, 18, Lula recebeu o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para promover uma mediação internacional na guerra da Ucrânia. O governo dos Estados Unidos, que não está contente com a aproximação brasileira com os russos, acusou o Brasil de estar “papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto”. A Rússia, sob sanções dos países ocidentais, iniciou uma ofensiva diplomática para convencer as potências emergentes de que está apenas se defendendo contra a hegemonia dos Estados Unidos, uma mensagem que será repetida durante a semana pelo chanceler russo em vários países da América Latina.

*Com informações da AFP