Vaticano rebate crítica sobre bênçãos a casais homoafetivos e explica que doutrina não mudou

O Vaticano respondeu na quinta-feira, 5, as críticas conservadoras dentro da Igreja Católica em relação às bênçãos a casais gays, autorizada pelo papa Francisco no final de 2023. Segundo eles, a permissão não indicia que a doutrina não mudou. Desde que o pontífice aprovou a benção, setores mais conservadores se manifestaram, chegando a falar em heresia e blasfêmia. No entanto, o Vaticano saiu em defesa da decisão, esclarecendo que se trata de bênçãos pastorais, diferentes das bênçãos litúrgicas do matrimônio. A Conferência Episcopal de Moçambique anunciou que não seguirá a recomendação, alegando que as bênçãos causam questionamentos e perturbações nas comunidades cristãs. A mesma decisão foi tomada em Malauí e Zâmbia, países onde a relação homossexual é criminalizada. Além disso, bispos de Angola, Quênia, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Uganda e Zimbábue também se posicionaram contra a bênção a casais do mesmo sexo.

Diante das reações e dúvidas, o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, emitiu um comunicado para esclarecer a diferença entre as bênçãos litúrgicas e as bênçãos pastorais. Ele ressaltou que as bênçãos pastorais são breves e não aprovam nem justificam a situação em que essas pessoas se encontram. Assim, a doutrina da Igreja em relação ao matrimônio e à sexualidade não sofreu alterações. O Vaticano reconheceu a necessidade de um tempo maior de reflexão pastoral diante da forma como a declaração foi recebida nas dioceses. O comunicado também destacou que a aplicação das bênçãos pode demandar mais ou menos tempo, dependendo dos contextos locais e do discernimento de cada bispo. Em alguns lugares, a aplicação pode ser imediata, enquanto em outros é necessário tomar todo o tempo necessário para a leitura e interpretação. A Igreja Católica segue condenando as relações homossexuais, que classifica como pecado. Desde sua eleição em 2013, o papa Francisco tem insistido na importância de abrir a Igreja, em particular aos fiéis LGBT+, mas seus esforços encontram forte resistência