Vice de Tarcisio critica legado do PSDB em SP e minimiza presença do PSD no governo Lula: ‘Fruto do trabalho’

As eleições de outubro de 2022 trouxeram uma surpresa para São Paulo: a eleição do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), lançado por Jair Bolsonaro (PL) para o cargo, colocou fim na dinastia de quase três décadas do PSDB no maior Estado do país. O político do Republicanos contrariou os institutos de pesquisa, que o colocavam na segunda colocação da disputa, passou ao segundo turno na liderança e venceu o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na corrida pelo comando do Palácio dos Bandeirantes. O número dois de sua chapa é Felício Ramuth (PSD), ex-prefeito de São José dos Campos, que abriu mão de sua candidatura para se juntar a Tarcísio. Em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan, Ramuth dispara contra o legado dos tucanos em São Paulo e minimiza o fato de o PSD ter assumido postos de destaque na gestão paulista – o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, será o homem-forte do governo, por exemplo – e recebido três ministérios no governo Lula (Agricultura, Pesca e Minas e Energia).

“Quem faz um bom trabalho colhe bons frutos. Vemos o inverso em outros partidos, como o caso do próprio PSDB. O PT, com o Lula sendo presidente, a ala do PL, mais próxima de Bolsonaro, o MDB e o PSD devem ser o protagonistas nas próximas eleições. É fruto do trabalho do PSD, que soube crescer de forma orgânica e está sendo colocado à disposição do Governo do Estado e do Federal. Boa política se faz com diálogo e respeito”, diz Ramuth. Questionado sobre como a chapa, que será empossada no domingo, 1º, encontrará São Paulo, o ex-prefeito de São José dos Campos foi enfático: “Estamos vivendo, em São Paulo, um momento muito parecido como comprar caixa de morango no semáforo. Os morangos de cima são sempre os mais bonitos, mas quando mexemos encontramos alguns podres”.

“O governo [do PSDB] quis mostrar o lado positivo e encontramos uma série de desafios. Estamos prontos para encarar esses problemas, como as filas na saúde e leitos desativados. Uma situação bem diferente da apresentada pelo próprio governador Rodrigo Garcia. Escola de tempo integral que carece, enfrenta problemas gravíssimos. É uma ideia boa, mas foi mal executada. Estamos muito motivados para reverter esse quadro. São Paulo pode muito mais.  Hospitais que existem e não tem leitos ativos. Vamos ampliar a parceira com hospitais filantrópicos, incluir a telemedicina para auxiliar a rede básica. Acabar com a fila de pacientes que precisam de aparelhos auditivos e de medicamentos de alo custo, que possui muitas falhas em sua distribuição”, acrescentou.

Ramuth destaca que uma das principais prioridades do governo Tarcísio será entregar a obra do Rodoanel, paralisada desde 2018, além do aumento no número de concessões à iniciativa privada. “Uma série de obras atrasadas há décadas. Rodoanel Norte, Linha Ouro (metrô) que vai até o Aeroporto de Congonhas que era para ser entregue em 2014. É preciso acelerar o rimo das obras. Temos o compromisso de entregar o Rodoanel Norte e novas concessões. No trecho leste pode haver uma nova concessão. Também devemos lançar outra no trecho de Santos e Bertioga. Ainda não foi incluso a travessia seca de Santos, pois estaria contida na concessão do Porto. Nós defendemos a concessão dele. Vai trazer melhorias para a região e maior dinâmica para o Porto de Santos”, diz. “Também teremos missões importantes na área social. O objetivo é diminuir a distância entre as pessoas do Estado de São Paulo. Estamos determinados em acabar com a desigualdade entre os moradores, aproveitando o desenvolvimento de cada região trazendo emprego e renda. Vamos construir um Estado cada vez melhor”, prossegue.

Além do compromisso de diminuir a desigualdade social, uma das principais bandeiras da gestão Tarcísio-Ramuth é a segurança pública. Dados do Anuário de Segurança Pública divulgados no início do segundo semestre de 2022 dão a dimensão da atual situação do Estado: com 289.461 registros de roubos e furtos de celular em 2021, São Paulo aparece em primeiro lugar no ranking desse tipo de crime. Mais do que isso, o índice representa 34% de todos os crimes desta natureza no país. O foco da futura administração será investir em tecnologia e inteligência para coibir delitos. Ramuth, no entanto, se esquiva quando perguntado sobre a manutenção das câmeras nas fardas dos policiais militares. Em sintonia com Tarcísio, diz apenas que o assunto será discutido com especialistas. “A ideia é coordenar as forças para reverter a situação [de insegurança que predomina em São Paulo]. As pequenas cidades também precisam de atenção com relação a segurança. Vamos investir em tecnologia, como fiz quando era prefeito de São José dos Campos, com as câmeras de segurança de inteligência. Pretendemos implantar isso nas forças, além valorizarmos homens e mulheres”, finaliza.