Vítimas protestam contra executivos da mineradora após 8 anos da tragédia de Mariana

Durante reunião promovida nesta quarta-feira, 1°, pela BHP Billiton, empresa responsável pelas barragens no município de Mariana, Minas Gerais, cinco vítimas da tragédia ambiental participaram presencialmente para cobrar dos acionistas a responsabilização da mineradora pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. O encontro aconteceu em Adelaide, na Austrália, durante a Assembleia Geral Anual da instituição. No encontro, as vítimas (quilombolas, moradores de Mariana e areeiros) falaram por cerca de uma hora frisando a reparação que nunca aconteceu e expuseram como está a vida dos moradores da região atualmente, após quase oito anos do rompimento.

“Tive que viajar meio mundo para que minha voz fosse ouvida pela BHP. Os executivos e o conselho da BHP cometeram dois crimes – primeiro, a negligência no rompimento da própria barragem, mas agora, eles estão sendo cúmplices do segundo crime, que é negar a mim e a todas as outras vítimas do desastre uma compensação justa. Levei minha luta por justiça contra a BHP ao tribunal na Inglaterra e dedicarei o resto da minha vida, se for necessário, a deter estes criminosos responsável”, declarou Edertony José da Silva, areeiro de Governador Valadares.

A barragem do Fundão rompeu em 5 de novembro de 2015 e é considerado o desastre industrial que causou o maior impacto ambiental do país, lançando mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos de mineração em quase 700 km de cursos d’água ao longo do Rio Doce, matando 19 pessoas e destruindo todo o ecossistema da região. Tom Goodhead, sócio-administrador e CEO global do escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa 700 mil vítimas na ação da Inglaterra, elogiou a participação das vítimas na reunião. “Meus clientes enfrentaram corajosamente a BHP em sua Assembleia Geral, forçando o Presidente da BHP, seu CEO e maiores acionistas a ouvirem seus gritos por justiça. Oito anos depois desse ecocídio causado pela BHP, em que priorizaram o lucro em detrimento da segurança, a mineradora ainda não conseguiu fornecer compensação adequada a cerca de 700 mil dos meus clientes”, ressaltou.