WiFi 8 já começou a ser desenvolvido e pode usar banda de 60 GHz

WiFi (Crédito: Freepik)

A presidente do grupo de trabalho do padrão IEEE 802.11, Dorothy Stanley, está no Brasil para apresentar os avanços do WiFi durante evento que termina hoje, 28, no Rio de Janeiro. A executiva conversou com o Tele.Síntese e comentou o futuro da tecnologia que utiliza frequências não licenciadas. Diz que os estudos para o WiFi 8 já começaram. A previsão é que o padrão seja lançado comercialmente em 2030 e utilize mais frequências altas – uma das faixas em estudo é a de 60 GHz.

“Ainda é algo preliminar, estudos muito iniciais, mas em 60 GHz há uma grande disponibilidade de espectro”, comenta.

Até a previsão se concretizar, porém, há um longo caminho de debates técnicos e acertos com reguladores mundo afora para designar quais frequências de fato irão para o WiFi. Por ora, o foco da entidade IEEE é garantir a plena adoção do WiFi 6E, uma evolução do WiFi 6.

WiFi 6E vai pegar

O WiFi 6E utiliza até seis canais de 160 MHz na faixa de 6 GHz para entregar velocidades de até 9,6 Gbps. O espectro, no Brasil, está reservado para uso indoor da tecnologia desde 2021, e em breve será utilizado também em ambientes externos, após a Anatel definir coordenadores que ficarão encarregados de dizer quais canais estão disponíveis outdoor.

Até o final deste ano, existirão cerca de mil dispositivos no mercado compatíveis com o WiFi 6E no mundo. Um grande lançamento foi o novo celular topo de linha da Smasung, o Galaxy S23 5G, que “vende milhões por ano”, lembra Stanley, o que deve contribuir para que mais access points sejam disponibilizados e as novas redes tornem-se mais comuns.

WiFi 7

A seu ver, o WiFi 6E ainda vai crescer por mais dois anos, pelo menos, embora o WiFi 7 esteja logo ali. Os primeiros dispositivos WiFi 7 devem chegar ao mercado em 2024, prevê.

Em relação ao WiFi 6E, o padrão 7 é capaz de criar três canais de 320 MHz na banda de 6GHz. Não usa nenhum espectro diferente, mas com nova fragmentação de canais e modulação de 4096-QAM (o 6E é 1024-QAM), o WiFi 7 promete entregar, NO MÍNIMO, 30 Gbps. Em média, espera-se mais de 40 Gbps por acesso. A título de comparação, o 5G entrega, em cenários controlados, 10 Gbps.

E o Brasil, diz Stanley, vai muito bem na rota do desenvolvimento e adoção do WiFi do futuro, diz a executiva. “A Anatel fez um trabalho fenomenal em dar espaço para o espectro não licenciado na faixa de 6GHz”, afirma. O país segue alinhado com Estados Unidos. A Europa ainda debate se vai ou não reservar a parte alta da faixa de 6 GHz para a telefonia móvel, no entanto, o que será definido na WRC-23, que acontece no final do ano.

Disputa pro espectro

Para Stanley, embora operadoras pressionem por mais e mais espectro celular, o WiFi é, e será sempre, necessário para o offload de dados das redes móveis. “As operadoras têm uma relação de amor e ódio com o WiFi. Amam porque libera mais capacidade para as redes ao realizar o offload, mas odeiam por conta da inclinação histórica que possuem de controlar a rede, e o WiFi não oferece controle por parte delas”, analisa.

A seu ver, o WRC deste ano será um divisor de águas. “Espero que ali fique claro que a natureza da banda para o WiFi é ter vários ocupantes, e que todos sejam protegidos. Até empresas de satélite defendem a destinação de espectro para o WiFi”, disse, referindo-se à SES, operadora europeia de satélites que no mesmo evento defendeu a reserva de espectro não licenciado na faixa de 6 GHz.

WiFi na pandemia

Com background técnico – Dorothy Stanley é também Arquiteta de Padrões da Aruba, uma empresa da Hewlett Packard Enterprise -, ela acredita que o futuro do WiFi é “brilhante”.

“A pandemia mostrou a capacidade do WiFi, que da dia para a noite absorveu toda a demanda doméstica por conectividade, sem problema. Isso mostrou a importância da tecbologia e que é  preciso garantir a existência de um backhaul de fibra e muita capacidade em todos os espaços indoors para complementar o móvel. Nós, como sociedade, precisamos de todo tipo de conectividade. E o Brasil é um exemplo para o mundo, do ponto de vista regulatório, atendendo ambos e escolhendo caminhos sustentáveis”, conclui.

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