Zelensky pressiona Otan a convidar Ucrânia para fazer parte da aliança: ‘Chegou a hora’

Em visita surpresa do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a Kiev – a primeira desde o início da guerra -, realizada nesta quinta-feira, 20, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que já está na hora de convidar os ucranianos para fazer da aliança militar, algo que eles exigem há anos, ainda mais desde a invasão russa de fevereiro de 2022, argumentando que é sua única garantia real de segurança contra a Rússia. A favor da integração de Kiev, a Otan é cautelosa quanto às datas de adesão. Para a Rússia, a possível entrada da ex-república soviética na aliança militar é uma linha vermelha e pode desencadear uma escalada da guerra. “A cúpula da Otan em Vilnius pode ser histórica”, disse Zelensky se referindo a reunião que acontecerá em julho e que terá como tema central a vitória militar da Ucrânia sobre a Rússia e que a questão da adesão da Ucrânia à Aliança será discutida na cúpula de julho na Lituânia. “O futuro da Ucrânia está na família euro-atlântica, o futuro da Ucrânia está na Otan. Ao mesmo tempo, o principal objetivo da Aliança, dos aliados, é garantir que a Ucrânia vença”, disse Jens Stoltenberg, junto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O Kremlin repetiu nesta quinta-feira que um dos objetivos de sua ofensiva era justamente impedir a entrada da Ucrânia na Otan, porque “constituiria uma séria ameaça ao nosso país e à sua segurança”, disse seu porta-voz, Dmitri Peskov. No encontro com Stoltenberg, o líder da Ucrânia ao pressionou sobre o fornecimento de armas. Kiev diz que precisa urgentemente de aviões de guerra, blindados, artilharia e sistemas de longo alcance para atacar os depósitos russos, longe da linha de frente. Tendo resistido durante todo o inverno aos ataques russos no leste, as forças ucranianas estão preparando uma contraofensiva para a primavera ou verão (outono ou inverno no Brasil). Mas para isso, precisam acumular o máximo de munições e armas. Os aliados ocidentais de Kiev evitam se comprometer nessa questão porque temem uma escalada do conflito, além de terem eles próprios problemas de abastecimento. Nesse sentido, Zelensky pediu ajuda ao chefe da Otan para “vencer a relutância” dos “parceiros na entrega” de certas armas, como as de “longo alcance, aviação moderna, artilharia e veículos blindados”. “É extremamente importante garantir que os sistemas, as armas que já estão na Ucrânia estejam funcionando corretamente, ou seja, é preciso ter munição, grandes quantidades de munição, peças de reposição, manutenção”, disse Stoltenberg. O chefe da Otan afirmou que os aliados ocidentais forneceram mais de US$ 150 bilhões (R$ 756,9 bilhões, na cotação atual) em ajuda à Ucrânia desde o início da invasão russa, incluindo US$ 65 bilhões (R$ 327,9 bilhões) em ajuda militar.