Agenda sustentável avança no Brasil, mas mensurar resultados é desafio

As empresas brasileiras estão liderando a região latino-americana na agenda sustentável. O dado foi revelado na terceira edição do “Sustentabilidade na Agenda da Liderança Empresarial na América Latina“, estudo patrocinado pela SAP que foi divulgado nesta quarta-feira (31).

De acordo com o levantamento, 35% das empresas brasileiras participantes agregaram novos pilares vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) em suas estratégias de sustentabilidade ao longo dos últimos doze meses. O índice é dois pontos percentuais superior à média do continente latinoamericano.

Embora equidade, a diversidade e inclusão continuem sendo o foco principal das estratégias de sustentabilidade de 69% empresas da região, uma maior diversificação de ações foi identificada em relação aos estudos anteriores. Neste ano, por exemplo, foram identificadas mais iniciativas relacionadas a cadeias de valor responsáveis – 55% contra 48% em 2021 – e à queda das emissões de carbono – 53% contra 43% na primeira edição do estudo.

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Além disso, 11% das empresas do Brasil conseguiram implementar suas estratégias de sustentabilidade no último ano, enquanto 21% delas estão trabalhando atualmente para colocá-las em prática. Apenas 7% ainda estão avaliando se devem ou não implementá-las. Os resultados são similares aos do restante do continente.

No entanto, o país é aquele com o menor índice de organizações que não contam com uma estratégia de sustentabilidade. Apenas 4% das companhias brasileiras dizem não se engajar no tema – no ano passado, o índice era de 10%. Na América Latina, 9% ainda afirmam que não contam com estratégias sustentáveis.

Desafios permanecem

Embora o Brasil e a região venham demonstrando progressos significativos, ainda há desafios que as empresas enfrentam com suas estratégias de sustentabilidade no continente. Mostrar qual o retorno do investimento em ações sustentáveis é o principal deles, para 53% das organizações participantes.

“Em épocas complexas e com cenários macroeconômicos difíceis, as empresas precisam tomar decisões de onde priorizar. Elas vão investir nos projetos nos quais são claros os retornos de investimento”, explicou Cristina Palmaka, CEO da SAP América Latina. “A reputação é importante, mas, na esfera de aprovação de projeto, é difícil apontar o tanto de retorno”.

Complementam a lista de dificuldades mais citadas a dificuldade em medir o impacto das ações (48%) e também a falta de clareza sobre como incorporar a agenda sustentável aos processos de negócio e sistemas de gestão (42%).

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Essas dificuldades, por sua vez, se refletem em um dos resultados negativos que a pesquisa identificou neste ano: a redução das perspectivas de investimento. Na edição de 2023, 13% das companhias afirmaram prever reduções nos investimentos em ações sustentáveis. O resultado é mais que o dobro de 2022.

“Se você não consegue ver o retorno, os investimentos começam a ficar comprometidos”, pontua Palmaka. “A gente vê os dois lados: a evolução de querer fazer, mas a dificuldade de medir e ver retorno – e, com isso, reduzir investimentos.”

Um dos caminhos para auxiliar empresas a mensurar os impactos positivos de sua agenda de sustentabilidade é através do uso da tecnologia. Infelizmente, o estudo apontou também a redução do índice de adoção de tecnologia para gerenciar sustentabilidade: 39% em 2023 na região contra 42% no ano anterior.

Para empresas que estão com dificuldades em implementar suas agendas sustentáveis, Pedro Pereira, Chief Sustainability Officer (CSO) da SAP América Latina e Caribe, sugere que os projetos comecem pequenos. “Não dá para fazer tudo da noite para o dia. O mais importante é as empresas darem o primeiro passo. Você não precisa pegar todas as métricas, só um conjunto de métricas. Ou medir a pegada de carbono de um só produto, de ponta a ponta”, avaliou. “O desafio é começar.”

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