Bacia do Amazonas se recupera após pior seca em um século

A Bacia do Amazonas, uma das regiões mais importantes do Brasil em termos de recursos hídricos, está começando a se recuperar após enfrentar a pior seca em mais de um século. Após meses de escassez de chuvas, os rios da região estão finalmente começando a subir, embora o processo seja lento e a normalização ainda esteja distante, prevista apenas para dezembro. A situação foi agravada pelo fenômeno El Niño, que provocou o aumento das temperaturas no Oceano Pacífico e alterou as correntes de vento e as precipitações. Desde maio, os Estados do Amazonas e do Pará têm registrado chuvas abaixo da média devido ao impacto do El Niño. Especialistas apontam que os rios da Bacia do Amazonas terão uma subida tardia e gradual devido às mudanças nos padrões de chuva. Um exemplo disso é o Rio Negro, em Manaus, que apresentou uma estabilidade ao subir 17 centímetros nos últimos dias, interrompendo uma sequência de quedas que durou mais de 130 dias. No mês passado, a média de descida chegou a 10 centímetros por dia.

Apesar do início da recuperação em alguns pontos, a situação ainda é crítica. Os níveis dos rios estão muito baixos para essa época do ano devido ao atraso e à fraca intensidade das chuvas. No Amazonas, 62 municípios continuam em estado de emergência, com 598 mil pessoas afetadas pela seca até o momento. A falta de água tem impactado diretamente o acesso a alimentos, medicamentos e o funcionamento das escolas em comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, indígenas e áreas urbanas. As previsões indicam que mais chuvas estão a caminho na região e o nível dos rios deve continuar subindo nas próximas semanas. No entanto, em algumas estações no Alto do Rio Negro, os níveis mínimos devem persistir até 2024. O atual processo de estabilização dos rios está relacionado às chuvas nos Andes e na região amazônica, que estão fazendo com que os rios menores do Alto Solimões comecem a subir lentamente, impactando gradualmente outros rios da região.

Além da Bacia do Amazonas, todo o Brasil tem enfrentado perdas significativas em sua cobertura de água. Nos últimos 30 anos, aproximadamente 15,7% da superfície de água do país desapareceu. O estado mais afetado é o Mato Grosso do Sul, onde mais da metade (57%) de todos os recursos hídricos foram perdidos desde 1990, principalmente no Pantanal. Essa situação afeta todos os biomas brasileiros, resultando na perda de 3,1 milhões de hectares de superfície de água, o que equivale a mais de uma vez e meia de todos os recursos hídricos disponíveis no Nordeste em 2020. A recuperação da Bacia do Amazonas é um sinal de esperança para a região, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É fundamental que sejam adotadas medidas de preservação e conscientização para garantir a sustentabilidade desses recursos naturais tão preciosos. A seca na região amazônica é um alerta para a importância de cuidarmos do meio ambiente e adotarmos práticas sustentáveis em todas as áreas, desde a agricultura até o consumo consciente de água. Somente assim poderemos garantir um futuro melhor para as gerações futuras e para o nosso planeta.