Cunha diz que Lula voltou ‘rancoroso’ e culpa Zambelli por derrota de Bolsonaro: ‘Perdeu dez pontos da noite para o dia’

Nesta quarta-feira, 15, o programa Pânico recebeu o ex-deputado federal Eduardo Cunha. Em entrevista, ele analisou o primeiro mês do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em comparação aos dois anteriores. “Estamos vendo ser feito tudo da maneira que se fez errado no passado. Estamos vendo um Lula rancoroso, coisa até que ele não era nos seus dois primeiros mandatos. Um Lula com esse ranço, praticamente procurando uma vingança, querendo fazer uma luta de classes no exercício da Presidência. Mais petista do que ele nunca foi”, afirmou. “Isso, de certa forma, traz um sinal ruim, tem que ver a consequência. A herança maldita que tem agora veio do governo deles, do PT. É uma estratégia política de jogar a culpa nos adversários. É para tentar desviar o foco. O PT já era uma pandemia, a Dilma já era uma pandemia.”

Cunha ainda avalia que Lula não ganhou as eleições, mas Jair Bolsonaro perdeu. O parlamentar acredita que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prejudicou o desempenho do candidato do PL ao apontar arma para um homem no centro da capital paulista nas vésperas do segundo turno. “Pelo amor de Deus, ela fez aquilo depois da eleição dela e antes da do Bolsonaro. Se ela faz antes da dela… Ali eu costumo dizer que foi o Bolsonaro que perdeu a eleição, não foi o Lula que ganhou. Esse episódio da Zambelli talvez tenha sido o mais relevante”, opinou. “Foi em São Paulo, aquilo pegou 10 minutos da mídia de televisão toda daquela noite. Todas as pesquisas que eu soube estava dando 20 pontos à frente para o Bolsonaro [em São Paulo], no dia deu 10,5. Ele perdeu 10 pontos da noite para o dia. Aquilo prejudicou muito, obviamente.”

Com a vitória de Deltan Dallagnol e Sergio Moro para a Câmara dos Deputados e Senado, respectivamente, Eduardo Cunha criticou o método como os lavajatistas ingressaram na política. “Por uma série de razões que não adianta debater, não tive voto suficiente. Não sou deputado, não sou obrigado a conviver. Claro, dialogar em política sempre tem que dialogar. O diálogo sempre faz parte da política. Dallagnol e Moro não são agentes da política, não merecem diálogo, não merecem nada”, disse. “Dallagnol já tem representação para cassar o mandato dele no Conselho de Ética da Câmara. Não sei até quando ele vai durar. Aquilo ali são circunstâncias diferentes, eles usaram a Justiça para poder simplesmente entrarem na política. Criminalizando e tentando afastar a política. A política não aceita isso. A Vaza Jato mostrou que a Lava Jato era uma Farsa Jato, essa que é a verdade.”

No último ano, Eduardo Cunha disputou uma vaga no Congresso pelo Estado de São Paulo. No entanto, o ex-presidente da Câmara dos Deputados não obteve votos suficientes para um novo mandato como deputado federal. No Pânico, ele detalhou suas percepções sobre a derrota eleitoral. “Foi uma campanha diferente. Vamos dizer assim, não me dediquei. Aqui eu fiz uma campanha outsider, efetivamente esse modelo não deu certo para mim, embora tivessem pesquisas. Confiei demais nas pesquisas, igual o Bolsonaro não confiou”, explicou. “Efetivamente, acabou que as pesquisas não refletiram a realidade ou pegou uma fotografia de momento que me considerava uma pessoa conhecida, celebridade. O campo que eu estava disputando voto era o que acabou todo mundo votando em 22 do Bolsonaro. Obviamente, quem votava no PT não iria votar em mim. Os que apoiavam o Bolsonaro votaram nos candidatos dele. Eu não costumo arrumar desculpa, faltou é voto. Qualquer outra coisa é desculpa”, concluiu.