É preciso disciplina fiscal e olhar social, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta-feira, 15, a transparência nas contas públicas. A fala aconteceu durante sessão solene no Senado Federal em comemoração dos 130 anos do Tribunal de Contas da União (TCU). Exaltando a “trajetória de grandeza” do órgão e a parceria entre as duas instituições, Campos Neto falou em aprendizado mútuo. “A transparência na administração das contas é um enorme serviço que fazemos, não só para a máquina pública, mas também para os investidores. Transparência e eficiência geram credibilidade. Quanto mais transparente e eficiente o público for, mais aptos seremos de captar recursos privados e crescer o país de forma sustentável”, afirmou, defendendo também a manutenção das relações institucionais: “Os avanços nos ganhos institucionais têm de ser mantidos. É importante não retroceder”.

Campos Neto também fez acenos mais diretos ao governo Lula, após dias de tensões e críticas ao Banco Central pela manutenção da taxa de juros em 13,75% ao ano. Em seu discurso, o presidente da instituição falou em disciplina fiscal, mas com olhar para o social. “A gente precisa ter uma disciplina fiscal entendendo que precisamos ter um olho mais especial no social. Ele exige escolha e métodos e aí a parceria com TCU é fundamental”, acrescentou.  No início da semana, Roberto Campos Neto havia afirmado que houve um “mal-entendido” com o governo federal após a divulgação da ata do Copom, o Comitê de Política Monetária. Segundo ele, houve um “incômodo” com a divulgação do comunicado, mas já foi “sanado”.

Como a Jovem Pan mostrou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a alta da Selic é “uma vergonha” e cobrou responsabilidade de Campos Neto. “É só ver a carta do Comitê de Política Monetária (Copom) para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse. Apesar das críticas, membros do governo negam que seja discutida uma revogação da autonomia da instituição. Segundo o ministro Alexandre Padilha, “não existe qualquer discussão dentro do governo sobre mudança da lei do Banco Central”, mas sim uma “vontade de que aquilo que está nos objetivos do BC sejam cada vez mais perseguidos por todos”.