‘É hora de distensionar o Brasil’, diz Lira em discurso da vitória

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) realizou na noite desta quarta-feira, 1º, o primeiro discurso após vencer a eleição para a presidência da Câmara Federal numa votação recorde, com a aprovação de 464 congressistas dos 513 votantes – a disputa também envolveu a candidatura dos parlamentares Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Chico Alencar (Psol-RJ). Durante sua fala, o mandatário da Casa Baixa do Legislativo agradeceu aos votantes que permitiram permanecer na principal cadeira da Câmara nos próximos dois anos e saudou os participantes da votação pela “boa política” exercida. Após uma breve menção ao seu pai – que precisou ser retirado às pressas do plenário da Casa após um problema de saúde -, Lira reforçou a importância do regime democrático no país e afirmou que será uma “voz firme a favor das prerrogativas e liberdade de expressão de cada parlamentar”. “Este primeiro de fevereiro de 2023 representa muito mais que a abertura de uma nova legislatura. É a prova de que o Brasil é uma democracia madura, preparada e feita por uma ampla maioria de pessoas que luta e defende a liberdade, o direito ao contraditório, a esperança num futuro de prosperidade e na melhoria de vida do povo brasileiro”, disse.

O político alagoano também pontuou a diversidade do novo Congresso Nacional que, mesmo com um alinhamento mais à direita e conservador, elegeu parte de todos os espectros sociais no país, o que não é possível em um regime que não seja o democrático. “Neste Brasil não há mais espaço para aqueles que atentam contra os poderes que simbolizam nossa democracia. Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei”, pontuou. Ao comentar sobre os episódios de depredação ocorridos em 8 de janeiro, em que manifestantes invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o presidente de uma das casas do Legislativo ressaltou que haverá o rigor da lei para aqueles que participaram de maneira direta ou indireta do ocorrido. “Aos vândalos e instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado, eu afirmo: No Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora da Democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres e representantes escolhidos pelo voto popular.”, exclamou.

Um dos pontos defendidos pelo presidente da Câmara é a revisão do “injusto e complexo” modelo tributário brasileiro. Lira aproveitou o momento para pedir uma autocrítica da classe política, do sistema judiciário, da imprensa e segmentos sociais e empresariais, para que haja uma reflexão sobre os impactos causados pela criminalização da política. Na visão do político, a prática abalou a representatividade de diversas instituições. “Quem faz algo errado deve pagar, responder por seus delitos, ou provar inocência e ter o direito de seguir em frente, de cabeça erguida. Não devemos mais tolerar que presidentes, parlamentares, ministros, dirigentes políticos ou qualquer cidadão sejam ameaçados nem física nem virtualmente por radicais, seja qual for sua vertente ideológica, apenas por divergências de opinião”, pediu o recém eleito. Por fim, Lira pediu um poder Executivo firme, dinâmico e que saiba negociar e administrar o país cumprindo seu papel; um Judiciário que seja o guardião da Constituição; e um Legislativo autônomo e cumpridor do seu papel através da representação dos 513 deputados eleitos pelo voto popular. “Estabelecer a convivência pacífica, justa, preservacionista e com desenvolvimento é um desafio para o qual vamos debater e encontrar soluções”, finalizou.