Elas podem: afinal ainda estamos no mês mais feminino do ano

Imagina ser entrevistada por uma médica e uma executiva, em um ambiente lindo, tecnológico e de puro astral? Assim é o MulheresPod, podcast das amigas Ana Landim, ginecologista e obstetra, e Amanda Abramo, executiva de RH que esta colunista conheceu em uma edição especial do Dia das Mulheres, com direito a flores, café e muitas risadas. Por que o trabalho delas me chamou a atenção? Simplesmente porque a atração tem um ar inusitado à parte, afinal, não é sempre que você vê uma dupla de hostess de podcast com tanta sinergia, vibração e sede de informação. Aliás, você sabia que o Brasil é o maior consumidor de podcast do mundo? Sim, esse formato caiu no gosto dos brasileiros e de acordo com o relatório DataReportal 2023, 43% dos usuários de internet, com idade entre 16 e 64 anos, escutam podcast toda semana. A mesma pesquisa revelou que pessoas no mundo inteiro passam, em média, uma hora por dia ouvindo esse tipo de conteúdo.

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Ainda, segundo estimativas da eMarketer, a expectativa é que este ano cerca de 25% da população mundial já tenha aderido aos podcasts, por isso falo tanto deles nessa coluna que trata de lifestyle e comportamento, mas claro, não pode ser apenas mais um no quesito conteúdo. É preciso inovar e essa dupla fez da amizade e da ideia em comum nascer um projeto que tem dado o que falar. “O podcast surgiu de duas amigas que tiveram a mesma ideia na mesma fase da vida, querendo gerar conteúdo relacionado a Mulheres que de alguma forma pudesse impactar e inspirar outras pessoas que fossem assistir. Um amigo em comum nos apresentou e foi pra toda a vida”, entrega Amanda, que além de executiva, é casada há 14 anos e mãe de uma filha de 10. “Quando iniciamos o projeto percebi que tinha achado um sentido pra mim em minha área profissional. Depois de duas faculdades, muitos cursos e vivências, descobri que a comunicação preenchia a lacuna que eu sentia diariamente e o Mulheres Pod já começou transformando a minha vida”, completa.

Para Ana, também casada e mãe de uma pequena de 6 anos (sim, o mundo é das mulheres rs) pensar fora da caixa a leva para outro patamar, mesmo praticando medicina. “Sempre gostei de pessoas e principalmente de falar com pessoas. Quando pequena fiz vários cursos de teatro e adorava estar em frente às câmeras. Ser médica não me faz melhor ou pior que ninguém porque estamos aqui nesta vida para evoluir e eu busco aprender todos os dias. Concordo que falta, por uma série de fatores, mais humanização da área da saúde, mas podemos chegar lá”, opina a obstetra, que divide o tempo entre partos, consultas e entrevistas pra lá de reveladoras.

É lógico que a questionei sobre o que a classe médica pensa de sua atuação no audiovisual e ela responde à altura: “Meus colegas médicos estão começando a entender que as mídias vieram para ficar e estão tendo que se adequar e derrubar muitas crenças limitantes. As redes sociais unem pessoas e através delas temos a possibilidade de levar informação de qualidade a mais pessoas e consequentemente impactar a vida delas de forma positiva, aumentando assim a promoção de saúde”. Criar um programa que enaltece o papel da mulher na sociedade por meio de entrevistas era um sonho de ambas e o formato podcast venceu. “Teve gente que achou que podcast era algo que vinha e ia sumir no pós-pandemia, mas não. “Na verdade, o podcast sempre existiu em formato rádio, parando para pensar, já que se trata de uma conversa descontraída onde pessoas falam um pouco de tudo. Acredito que a pandemia só deu um start no formato que é hoje e todos só têm a ganhar porque quanto mais informação, mais esclarecimento, mais entretenimento, mais cura, de certa forma”, brinca a médica.

A seleção de convidados é rigorosa, mas tem suas particularidades. “Pesquisamos e chegamos a mulheres que têm assuntos e conteúdos relevantes que possam disseminar conhecimento ou impactar com histórias de vida, seja ela mãe, esposa, empresária, artista, enfim, é preciso antes de tudo, impactar com a verdade para que a energia flua e a gente possa conquistar o objetivo que é sempre plantar uma semente de informação ou conhecimento para os outros”, explica Amanda. Fora das câmeras e falando sério, tivemos um bate-papo sincero que mostra, infelizmente, que é preciso que as mulheres se unam mais. “O recado é claro: devemos enaltecer e respeitar uma a história da outra. Os passos são largos, mas com união podemos encurtar alguns caminhos. O intuito do podcast é mostrar histórias de mulheres que fizeram e fazem sucesso”, declara a executiva, que ainda alfineta, quando perguntei se é possível sobreviver de podcast no Brasil. “Não dá, exatamente pela falta da união! Não dá porque ainda empresas viabilizam um outro lado na mídia, que dificulta o nosso lado que produz conteúdo limpo. Eu ainda espero que isso possa mudar e que conteúdos de qualidade possam ter o seu lugar. Por aqui não vamos desistir e eu sei que em breve teremos o que de fato merecemos. É aquilo né: o sucesso é a soma de pequenos esforços repetidos dia após dia”. Eu concordo com ela em gênero, número e grau. E você?