Apenas 29% das empresas brasileiras estão preparadas para avançar a IA, diz Cisco

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A maioria das empresas no Brasil ainda não está preparada para potencializar os benefícios da adoção da Inteligência Artificial, concluiu um novo estudo da Cisco, o “AI Readiness Index”. O índice, que entrevistou mais de 8 mil empresas no mundo todo incluindo o Brasil, revelou que no país, apenas 29% das empresas no País estão aptas a avançar a aplicação das tecnologias baseadas em IA.

O estudo constatou que, embora, 92% dos entrevistados no Brasil acreditem que a IA terá um impacto significativo nas suas operações comerciais, ela também levanta novas questões em torno da privacidade e segurança dos dados. As conclusões do Índice mostram que as empresas enfrentam os maiores desafios quando se trata de potencializar a inteligência artificial juntamente com os seus dados. 72% dos entrevistados admitem que isso se deve porque os dados existentes nas suas empresas estão em silos.

No entanto, as perspectivas são boas para o futuro, segundo a Cisco. O estudo revela que as empresas no Brasil estão tomando medidas proativas para se preparar para um futuro centrado em IA. Quando se trata de criar estratégias de inteligência artificial, 96% das organizações já possuem uma estratégia robusta em vigor ou em processo de desenvolvimento.

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Esse cenário, na avaliação da Cisco, indica um esforço significativo por parte dos executivos C-levels e da liderança de TI. Isto pode ser motivado pelo fato de quase todos entrevistados (99%) terem afirmado que a urgência de implementar tecnologias de IA nas suas empresas aumentou nos últimos seis meses, tendo a infraestrutura de TI e segurança cibernética consideradas as principais áreas de prioridade para implementações de inteligência artificial.

“À medida que as empresas se apressam em implantar soluções de IA, elas devem avaliar onde os investimentos são necessários para garantir que sua infraestrutura possa suportar melhor as demandas das cargas de trabalho de inteligência artificial”, comenta Liz Centoni, vice-presidente executiva e gerente geral de aplicações e diretora de estratégia da Cisco. “As organizações também precisam ser capazes de observar contextualmente como a inteligência artificial está sendo usada para garantir o ROI, a segurança e, especialmente, a responsabilidade.”

Avanço da IA demanda superação de desafios

O estudo identificou entre os entrevistados um sentimento de urgência quando o assunto é a inteligência artificial. 69% dos entrevistados no Brasil acreditam que têm no máximo um ano para implementar uma estratégia de inteligência artificial antes que sua organização comece a sofrer um impacto negativo significativo nos negócios.

Outra conclusão do relatório acende um alerta acerca da infraestrutura necessária para o avanço da IA. 95% das empresas em todo o mundo estão cientes de que a IA aumentará as cargas de trabalho de infraestrutura, mas no Brasil, apenas 22% das organizações consideram sua infraestrutura altamente escalável. Mais da metade (51%) das empresas no País têm escalabilidade moderada ou limitada quando se trata de enfrentar novos desafios de IA em suas infraestruturas de TI atuais.

Para acomodar as crescentes demandas da inteligência artificial por energia e computação, mais de dois terços (72%) das empresas no Brasil precisarão de mais unidades de processamento gráfico (GPUs) de data center para dar suporte às cargas de trabalho de IA atuais e futuras.

Outra preocupação dos executivos relaciona os dados e a inteligência artificial. “As organizações não podem negligenciar a importância de ter dados prontos para inteligência artificial”, recomenda o relatório. Embora os dados sirvam como a base necessária para as operações de IA, eles são também a área onde a preparação é mais fraca. 72% de todos os entrevistados afirmam ter algum nível de dados isolados ou fragmentados em suas empresas. Isto representa um desafio crítico, uma vez que a complexidade da integração de dados que estão em várias fontes e da sua disponibilização para implicações de IA pode afetar a capacidade de aproveitar todo o potencial destas aplicações.

A Cisco também aponta desafios em relação aos talentos preparados para o desenvolvimento da IA. Embora 95% dos entrevistados no Brasil tenham afirmado que planejam investir na capacitação dos colaboradores, 14% mencionaram o surgimento de uma disparidade na inteligência artificial, expressando dúvidas sobre a disponibilidade de talentos suficientes para serem capacitados.

O impacto disso se evidencia no fato de que, dentro das empresas, as diretorias e equipes de liderança são as mais propensas a aceitar as mudanças trazidas pela IA, com 87% e 92%, respectivamente, apresentando uma receptividade elevada ou moderada. No entanto, há mais trabalho a ser feito para envolver a gestão intermediária (coordenadores/supervisores), onde 16% têm uma receptividade limitada ou nenhuma receptividade à IA, e entre os demais níveis quase um terço (26%) das organizações afirmam que os funcionários têm uma disposição limitada para adotar a IA ou são totalmente resistentes.

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