Google coloca IA generativa no centro de tudo durante o I/O 2023

Em meio ao acirramento da disputa pelo domínio do mercado de inteligência artificial, o Google apresentou, nesta quarta-feira (10), uma enxurrada de novos produtos e serviços que mostram como a IA generativa está no centro da estratégia da companhia. Durante o Google I/O, evento para desenvolvedores realizado pela empresa nesta semana, a companhia revelou novidades que impactam seu buscador, a ferramenta Bard e outros serviço populares, como Gmail, Maps e Workspace.

“Sete anos após termos iniciado nossa jornada de empresa centrada em inteligência artificial, atingimos um ponto de inflexão empolgante”, disse Sundar Pichai, CEO do Google, durante a abertura do evento. “Nós temos a oportunidade de tornar a IA ainda mais útil para pessoas, negócios, comunidades e para todos. Nós temos aplicado IA para tornar nossos produtos radicalmente mais úteis há tempos e, com a IA generativa, estamos dando o próximo passo – com uma abordagem ousada e responsável, estamos reimaginando todos nossos produtos”.

A estratégia, é claro, inclui o produto que – há anos – é a jóia da coroa do Google: a busca. Desafiado pela integração das capacidades de IA generativa da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, dentro do mecanismo de busca rival Bing, da Microsoft, o Google anunciou uma série de novas capacidades de IA no seu buscador que têm como objetivo garantir que a empresa não fique para trás na disputa por esse mercado.

A ideia do Google é permitir que usuários façam buscas mais complexas dentro de sua plataforma, contendo múltiplas perguntas dentro de uma só requisição. O exemplo apresentado durante o Google I/O foi a seguinte pergunta: “o que é melhor para uma família com filhos menores de três anos e um cachorro: ir para Bryce Canyon ou para Arches?”.

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Utilizando a IA generativa, a busca traz resultados contextualizados, levando em consideração todos os elementos da busca: qual o melhor resultado para a família, para crianças pequenas e para o cachorro. A partir daí, é possível fazer perguntas subsequentes utilizando um modo conversa, para que a busca avance de forma mais natural.

O Google também apresentou seus planos para uma interação mais natural de usuários na hora de buscar produtos. Usando IA generativa, usuários poderão fazer escolhas mais complexas na hora de pesquisar um produto. A ferramenta trará respostas instantâneas e fatos importantes que devem ser considerados, como descrições de produtos, opiniões relevantes de outros usuários, preços e imagens dos produtos.

Bard

O Google anunciou ainda estar se preparando para a evolução do Google Bard, ferramenta de IA generativa conversacional que é a desafiante do ChatGPT, da OpenAI, empresa que está por trás dos sistemas de IA generativa da rival Microsoft. Lançado há dois meses, a ferramenta foi recentemente transferida para o PaLM 2. O PaLM 2 é menor, mais rápido e eficiente do que os modelos anteriores e trará melhorias adicionais ao Bard, incluindo capacidades matemáticas e para escrita de código, e a outros produtos da companhia.

O Bard também se tornará um serviço mais visual, incluindo imagens, além de texto, em suas respostas para permitir uma interação mais completa entre usuários e a plataforma. Utilizando as capacidades do Google Lens, o Bard também será capaz de analisar imagens e utilizá-las para compor respostas às perguntas colocadas por usuários.

Disponível até agora apenas para os Estados Unidos e Reino Unido, o Bard também chegará a mais pessoas: a partir desta quarta-feira, a ferramenta será disponibilizada em mais de 180 países e territórios. Questionada pelo IT Forum, a assessoria de imprensa do Google confirmou que o Brasil não está na lista de países. O sistema terá ainda suportes para novos idiomas – japonês e coreano – e mais de 40 novos idiomas serão adicionados no futuro.

Gmail, Maps, Workspace e mais

O Gmail é outra das ferramentas impactadas pelas novas capacidades de IA. Durante a apresentação, a empresa demonstrou um novo sistema de composição inteligente de e-mails, através da ferramenta “Help me write”. O recurso permite a composição automática de e-mails usando comandos simples, como “ajude-me a escrever um e-mail pedindo um reembolso para uma passagem aérea perdida”. A ferramenta será capaz de coletar informações de mensagens recebidas anteriormente e até ajustar o tom do e-mail, de acordo com as necessidades especificadas pelo usuário.

O Google Maps também trará novos recursos de IA generativa. O aplicativo de mapas expandirá suas capacidades de visualização imersiva com a função de “rotas imersivas”. Com ela, usuários poderão desenhar as rotas que desejam transcorrer e receberão informações em tempo real sobre a evolução do tráfego e clima da rota, de forma imersiva – simulando uma animação em 3D.

Para empresas, o Google Workspace, suíte de aplicativos de produtividade e colaboração do Google, também será transformado por ferramentas de IA. Em março, a companhia revelou funcionalidades de IA para o Workspace, mas, agora, novos sistemas foram revelados. Um deles é apelidado de “Sidekick”, que é capaz de ler, resumir e responder a perguntas de usuários sobre documentos em diferentes aplicativos do Google.

Avanços no Google Cloud

Para usuários corporativos, o Google anunciou o Duet AI para Google Cloud, ‘AI collaborator’ que auxilia os usuários da nuvem com a conclusão de código contextual, oferecendo sugestões ajustadas à sua base de código, gerando funções inteiras em tempo real e ajudando com revisões e inspeções de código.

Para desenvolvedores que desejam criar aplicativos de IA generativa de maneira mais simples e eficiente, foram apresentadas três novas ferramentas para a Vertex AI: Codey, Imagen e Chirp. Lançada em 2021, a Vertex AI é uma plataforma de machine learning (ML) que permite o treinamento e implementação de modelos de aprendizado de máquina e aplicações de IA. Em março, a plataforma recebeu suporte para produções de IA generativa.

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O modelo Codey é a promessa do Google para auxiliar desenvolvedores na produção de código. O modelo suporta mais 20 linguagens de código, incluindo Go, Google Standard SQL, Java, Javascript, Python e Typescript. O modelo é capaz de sugerir linhas de código com base no contexto do código inserido no prompt, gerar código com base em prompts de linguagem natural, e até interagir com desenvolvedores via chatbot para ajudar com depuração, documentação, aprendizado de novos conceitos e outras questões relacionadas ao código.

O Imagen, por sua vez, permite que usuários criem e editem imagens de alta qualidade em escala e com baixa latência. As imagens podem ser geradas a partir de conteúdos proprietários de clientes, como produtos ou logotipos existentes, e incluem níveis de segurança e governança embutidos. As imagens geradas podem ser iteradas infinitamente, aumentadas para a resolução necessária e ter legendas e metadados agregados.

Por fim, o terceiro modelo básico é o Chirp, que promete ajudar organizações a se envolverem com clientes e membros de forma mais inclusiva em seus idiomas nativos. Treinado em milhões de horas de áudio, o Chirp é uma versão do modelo de fala de 2 bilhões de parâmetros do Google, que suporta mais de 100 idiomas.

Também voltado para desenvolvedores, a empresa revelou o Text Embeddings API, que permite a criação de mecanismos de recomendação, classificadores, sistemas de resposta a perguntas, correspondência de similaridade e outros aplicativos sofisticados com base na compreensão semântica de texto ou imagens; e RLHF que permite às organizações incorporar feedback humano para personalizar e melhorar o desempenho dos modelos de forma mais profunda.

“Embora o potencial de impacto nos negócios seja grande, continuamos comprometidos em adotar uma abordagem responsável, guiada por nossos Princípios de IA. À medida que coletamos mais feedback de nossos clientes e usuários, continuaremos a trazer inovações para o mercado, permitindo que organizações de todos os tamanhos e setores aumentem a eficiência, conectem-se com os clientes de novas maneiras e desbloqueiem fluxos de receita totalmente novos”, Thomas Kurian, CEO do Google Cloud.

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