Juristas e ativistas cobram punições a envolvidos em depredações na Praça dos Três Poderes

Juristas, estudantes e ex-alunos da Universidade de São Paulo, membros da sociedade civil, autoridades políticas, personalidades, movimentos sociais e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público saíram em defesa da democracia na última segunda-feira, 9. O evento aconteceu no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, e dezenas de pessoas aplaudiam as falas entoando os coros de “democracia” e “sem anistia”. O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, disse que o vandalismo em Brasília no último domingo, 8, e as destruições deixadas serviram para cobrir a pátria de vergonha. “Que não nos descuidemos da defesa constante do estado democrático de direito, que é o único ambiente em que a vida moderna é viável e próspera”, declarou. O procurador-geral de Justiça de São Paulo disse que o Ministério Público entende que os atos de vandalismo foram cometidos por organizações criminosas e cobrou punições. “Para o Ministério Público do Estado de São Paulo são verdadeiras organizações criminosas que estão procurando subverter a ordem democrática, que estão procurando patrocinar um verdadeiro golpe de Estado contra a nossa democracia. Democracia que, repita-se, foi conquistada com vidas de estudantes, trabalhadores, advogados, membros da nossa sociedade civil”, afirmou.

Cinco meses atrás, no dia 11 de agosto, no mesmo local, o Largo São Francisco sediou a leitura de uma carta em defesa da democracia com a presença de membros da sociedade civil e entidades. Mas, para muitos, esses dois momentos de defesa da democracia não são os mesmos. É este o pensamento do diretor da Faculdade de Direito da USP, Celso Campilongo. “Hoje, diferentemente daquilo que ocorreu no dia 11 de agosto do ano passado, onde se tomava, neste mesmo salão nobre, uma espécie de medida cautelar, de medida preventiva em defesa da democracia, e diferentemente de ontem, quando os atentados contra a democracia foram tão virulentos e criminosos, o dia de hoje tem uma outra tônica, é a tônica do revigoramento da democracia. A tônica de que nós deveremos ter nos próximos anos muitíssima atenção com o cultivo da democracia”, declarou.

A presidente da OAB de São Paulo, Patrícia Vanzolini, falou também sobre os acampamentos dos quarteis e defendeu a desmobilização dos atos. “O argumento falacioso de que essas manifestações eram em nome do povo e que todo poder emana do povo. É verdade, e o povo somos nós. O povo somos nós, o povo elegeu o presidente da República, elegeu o vice-presidente, elegeu 513 deputados federais, elegeu 81 senadores, é do povo que se trata. Então, o que nós vimos ontem não é um ataque ao estado democrático de direito, essa entidade imaterial, o que nós vimos ontem não é um ataque à democracia, essa pessoa que ninguém conhece, que não tem cara. O que nós vimos ontem foi um ataque ao povo brasileiro”, articulou. Além da defesa da democracia, o evento da USP pediu também a devida punição para os agentes e financiadores dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal.

*Com informações da repórter Camila Yunes