Líder da oposição admite falha em comissões da Câmara, mas culpa base de Lula por caos em audiências

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ), admite uma falha na atuação do bloco nas audiências com ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas comissões temáticas da Casa. Como a Jovem Pan mostrou, os colegiados viraram uma espécie de palco de batalha entre parlamentares neste início de legislatura. Nas últimas semanas, porém, as oitivas com integrantes do primeiro escalão do governo federal foram pouco produtivas e ficaram marcadas por confusões, palavras de baixo calão, acusação de assédio sexual e até intervenção da Polícia Legislativa. A situação irritou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que discute com aliados alternativas para evitar que a situação saia do controle.

À reportagem, Jordy afirmou que “deputados novatos” precisam ter “sangue frio” para evitar que as audiências nas comissões, que deveriam servir para que os ministros de Lula deeem explicações sobre os mais variados temas, sejam marcadas por bate-boca e confusão. Em relação à oitiva do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o parlamentar do PL diz que o chefe da pasta foi “debochado” e que a confusão foi iniciada por deputados da base governista. “Dino foi debochado, estava em um ambiente agradável. O pessoal [da oposição] foi preparado para a comissão de segurança para fazer questionamentos, todos estavam prontos para questioná-lo e enfrentá-lo, mas houve provocação da base. Infelizmente, temos alguns deputados que são mais novatos, sei que a gente tem que ter sangue frio. Eles [os novatos] acabaram se deixando levar e geraram tumulto. Mas quem provocou foram os deputados da situação, que estavam ali para causar aquilo. São deputados da liderança do governo, orientado pelo Dino para fazer aquilo. Houve reação, que não deveria ter acontecido, porque falei para não caírem em provocações”, diz.

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), um dos símbolos da oposição aos governos petistas no Congresso Nacional, disse ao site da Jovem Pan que é “inaceitável” que os deputados caiam em “armadilhas” dos aliados de Lula e que o bloco oposicionista tem se comportado de maneira “vergonhosa” nas audiências. “Não dá para ficar querendo lacrar. É preciso preparo intelectual e emocional”, resume. O presidente da Comissão de Segurança Pública, Sanderson (PL-RS), que foi vice-líder do governo Bolsonaro, também subiu o tom contra os colegas. “Deputados saem de seus Estados, vêm para Brasília e chegam ali e fazem aquele papelão? Se é para fazer esse tipo de papelão, nós não vamos nem chamar a sessão”, disparou. Informado pela reportagem sobre a visão de Feliciano e Sanderson da atuação dos oposicionistas, Jordy afirmou que os aliados “não deveriam fazer críticas de forma aberta”. “Por mais que eu tenha críticas [ao que tem acontecido nas comissões], eles não deveriam estar fazendo críticas de forma aberta, porque a esquerda, por mais que tenham iniciado as provocações, nunca vai se criticar abertamente dessa forma. Mas já é algo que foi superado: pontuamos vamos normalizar a situação, vamos fazer o trabalho que queremos fazer nas comissões”, encerrou.