Mara Maehara, da Totvs: IA não muda o papel do CIO

Mara Maehara, CIO da TOTVS

Mara Maehara está acostumada às transformações. Sua própria chegada à posição de CIO da Totvs, em 2016, foi uma delas. Antes de assumir a liderança dos times de tecnologia da gigante brasileira de ERP, a empresa não tinha uma diretoria dedicada à TI – os times eram geridos em conjunto com outras áreas da companhia.

Desde então, a transformação continuou. Sob a gestão de Mara, um plano diretor de TI foi implementado, e renovou o papel da tecnologia dentro da empresa. Em dezembro de 2020, essa implantação foi finalizada, estabelecendo uma nova relação da TI com o restante da Totvs e alinhando a Tecnologia à transição da companhia para um negócio cada vez mais focado em serviços.

“A TI queria sair de uma posição de execução e de operação para uma TI que fosse conectada ao negócio e protagonista da condução da escolha das soluções mais adequadas à área de negócio. Puxando a transformação, não sendo passageira dentro do carro”, contou Mara ao IT Forum em uma conversa durante o Universo Totvs 2023, principal evento da companhia para clientes e parceiros realizado no final de junho em São Paulo.

Com essa jornada completa, o time de TI se ocupou de uma série de outros projetos nos últimos anos. Isso incluiu a integração de sistemas das diversas recentes aquisições da Totvs, a consolidação de uma nova sede para a companhia, em São Paulo, e a adequação de todas as soluções – dentro e fora de casa – às novas regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Nas palavras de Mara, o trabalho da TI “nunca se acalma”.

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“Eu me sinto cozinhando para chefs todos os dias”, brincou. “Ser CIO em uma empresa de tecnologia significa ter várias pessoas dando palpite ou discordando da forma como algo está sendo feito. Eu tenho que sempre ter muita assertividade no que estou falando”.

Mas destacou que a experiência é benéfica: “Dentro da Totvs, as pessoas têm suas convicções e trazem suas referências do passado. Então é sempre uma discussão muito rica em detalhes e conhecimento. É uma coisa boa, porque tenho que ter bons argumentos e preciso de menos tempo para convencer as pessoas sobre determinados temas, como segurança.”

A mais recente destas transformações, é claro, fica do avanço da inteligência artificial. “A inteligência artificial já está com a gente há um bom tempo, mas agora ela está tomando essa grande proporção”, contou a CIO. Segundo a executiva, com o avanço da IA, uma preocupação do time de TI da companhia da Totvs tem sido a integração destas ferramentas ao ecossistema da empresa – garantindo que o uso da IA traga benefícios reais ao negócio.

“Não é tão simples, você precisa fazer provas de conceito, moldar processos, treinar pessoas para liderar com essa IA”, explicou. “O que nós temos feito com mais velocidade é pegar tudo o que já está disponível e o que já temos com IA, e colocar em provas de conceito junto às áreas de negócio para provar o benefício. Se for aprovado, entra em produção.”

Para que esse processo seja bem-sucedido, no entanto, Mara avalia que, assim como a Totvs fez em 2020, empresas precisam ter realizado um passo prévio: a conexão da TI ao negócio. “O conhecimento das áreas de negócio pela TI é cada vez mais fundamental. Eu posso trazer toda essa inteligência artificial para o meu time e treiná-lo, mas se ele não conseguir conectar isso a um benefício para o negócio, não vai adiantar muita coisa”, explicou.

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Se bem conduzido, no entanto, o processo terá o potencial de trazer benefícios para as companhias – benefícios que alcançarão, inclusive, a própria TI. “Há processos que preciso automatizar, ganhar produtividade, assertividade e controle”, disse Mara.

“Essas inteligências também podem ser aplicadas dentro da TI para esses processos. Há atividades, por exemplo, em que o negócio depende da TI para executar. Gerar independência da área técnica [usando IA] vai gerar velocidade para o negócio e pode dar liberdade ao time para se dedicar a outras coisas.”

Mas e quanto ao papel do CIO nesse cenário? Para a líder de TI da Totvs, curiosamente, a inteligência artificial não deve trazer grandes mudanças. “O papel do CIO nunca mudou. O CIO sempre teve o papel de conhecer a área de negócio e usar a tecnologia para entregar sua estratégia. Com a inteligência artificial é a mesma coisa”, ponderou.

“A IA pode vir com uma série de funcionalidades fantástica e cada vez mais próxima do usuário final, mas têm questões de configurações de segurança, robustez, escalabilidade e questões de integração, que precisam de um profissional de TI que conheça a área de negócio para serem alavancadas”, finalizou.

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