Norte da África proporciona vinhos de alta qualidade; conheça os principais

Do continente africano, o país famoso por seus vinhos é a África do Sul, onde a produção já é conhecida desde o século XVII, sendo que a região de Constantia é a que oferece os melhores produtos. Tais vinhos, por sinal, são facilmente encontrados aqui no Brasil e a preços bem convidativos. Entretanto, não é só na África do Sul que há produção relevante de vinhos, sendo verdade que Marrocos, Argélia, Tunísia e Egito são países produtores que merecem atenção. Nestes países, mais que os obstáculos climáticos, encontramos a falta de incentivo à produção por causa dos dogmas da religião muçulmana, que não incentiva (proibindo mesmo) o consumo de bebidas alcoólicas, o que aqui destaco sem qualquer caráter de crítica, mas como puro dado. 

Os três primeiros países citados – Marrocos, Argélia e Tunísia – têm possibilidades climáticas e solos que possibilitam a boa produção de vinhos. A Cordilheira do Atlas alcança os três países e dá condições para a boa produção de vinhos ao trio. Desde a época da colonização africana se tem notícias de produção de vinhos nestes países, sendo que as uvas predominantes são Carignan, Cinsault, Grenache e Chardonnay. A Argélia chegou a ser o quinto maior produtor de vinhos no mundo em quantidade. Entretanto, com a Guerra Civil que se verificou no país de 1.994 até 2.002, a maioria dos seus vinhedos, com produção economicamente relevantes, foi dizimada. A Tunísia, até o limiar do Século XXI tinha toda a sua produção em mãos estatais e, mesmo assim, oferecia ao mercado bons produtos, especialmente tintos bem gastronômicos. O Marrocos, por seu turno, hoje é o líder na produção de vinhos do norte da África, uma vez que aceitou investimentos estrangeiros e modernização de seus métodos produtivos, com vistas ao mercado internacional, sempre crescente. Os principais vinhedos do Marrocos estão na região de Meknès, entre os picos do Médio Atlas e a Costa Atlântica. De lá saem tintos encorpados, bem gastronômicos, contudo, com taninos bem rústicos, são vinhos que valem a pena ser conhecidos. 

Já o Egito tem uma tradição vinífera que vem da época dos faraós e que, infelizmente sofreu um grande hiato por causa do desinteresse religioso e econômico por seus vinhos. Como afirmou Paulo Queiróz, provavelmente foram os egípicios os primeiros a criar um comércio de vinho há mais de 2.000 anos antes de Cristo. Há registros detalhados da produção e transporte de vinho em pinturas na tumba de Nakht (1.500 A.C.). Segundo o jornal Britânico Telegraph, cientistas espanhóis descobriram que o rei Tutankhamun tinha em sua tumba jarros de vinho tinto que o esperavam no pós-morte. O vinho era produzido apenas para os nobres, ou para a corte do Faraó. O povo bebia cerveja. Hoje em dia, próximo ao Cairo, em clima deserto, se produz vinhos, sendo que a casta Granache, para tintos, e a branca Viognier por lá predominam. Tive a oportunidade de provar um vinho branco egípcio, Viognier, absolutamente interessante. Por aqui, com alguma procura, encontramos os vinhos marroquinos, como, por exemplo os da Domaine des Ouled Thaleb e da Domaine de Sahari. Vale a procura pela curiosidade e cultura. Salut!