Palo Alto: consolidação é oportunidade no mercado de cibersegurança

A complexidade do cenário de ameaças enfrentadas por CISOs e CIOs é tamanha que o mercado de soluções de cibersegurança também evoluiu de forma pulverizada. São milhares de fornecedores (e de soluções), alguns voltados para atender demandas muito específicas, o que leva a um cenário “que ninguém consegue gerenciar tecnologicamente”, defende Helmut Reisinger, CEO para a América Latina e EMEA da Palo Alto Networks, em conversa exclusiva com o IT Forum.

O executivo esteve em São Paulo na quarta (22) para o Ignite on Tour – versão local do Ignite, evento global da empresa de segurança –, e cita dados coletados pelo Gartner para indicar um cenário de consolidação de provedores de ferramentas de segurança da informação. Segundo a consultoria, 75% das empresas estão fazendo esse movimento em 2022 (eram 29% em 2020).

Em média, cada empresa usa 32 ferramentas para se protegerem. São mais de 3,5 mil fabricantes mapeados pela Palo Alto no mundo. Por isso, segundo o CEO, a pergunta para as corporações não é “estão investindo o suficiente?”, mas sim “estão investindo com inteligência?”.

“Há um custo elevado também nas transações entre essas ferramentas”, explica Reisinger, citando as dificuldades de integração entre tantos provedores distintos. “Se você tem centenas de ferramentas e vai mostrá-las para o conselho, eles não ficam confortáveis. É preciso pensar em uma abordagem baseada em plataformas”, diz, obviamente considerando as ofertas da própria Palo Alto, concebidas com base em três pilares interconectados e uma camada de inteligência que perpassa a todos eles.

Leia também: Presidência prepara política brasileira de defesa cibernética

A oferta de plataforma da empresa é dividida em segurança de rede (Strata), segurança de nuvem (Prisma Cloud) e operações de segurança (Cortex), com serviços de inteligência e consultoria embarcados. O conceito de confiança zero (Zero Trust) na base. Mas para que as defesas sejam efetivas, segundo o executivo, é necessária uma coleta intensiva de dados e uso de algoritmos de aprendizado de máquina que permita a automatização das respostas.

“Acreditamos que cibersegurança é mais e mais um problema de dados”, ressalta. “A quantidade de dados entrando nas empresas e alimentando ferramentas está explodindo. Não podemos nos dar ao luxo de esperar e descobrir uma invasão 10 dias depois.”

Em uma conversa privada, Reisinger me mostra algumas estatísticas. A Palo Alto registra atualmente 16,6 bilhões de eventos por dia, em média, em seu Security Operatons Centers. Desse total, a maioria absoluta é tratada de forma automática, com apenas 467 alertas merecendo investigação mais detalhada. E desse total apenas 67 são incidentes de fato, com apenas 9 tratados manualmente.

Segundo ele, tamanho volume de alertas só seria possível de lidar, com a velocidade necessária, usando automação baseada em inteligência artificial e aprendizado de máquinas, usados pela empresa na plataforma de segurança. “Se há um alarme, é preciso disparar uma automação”, diz.

Palo Alto: Brasil e global

No mundo, a Palo Alto tem crescido. No ano fiscal de 2022 foram US$ 5,5 bilhões em receitas declaradas, e só no segundo semestre de 2023 foram 26% de crescimento na comparação com o mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 1,7 bilhão – a expectativa é obter o mesmo aumento durante o ciclo completo. Não há números públicos específicos para o Brasil, mas o CEO Latam parece satisfeito na conversa com o IT Forum.

“Não estamos desapontados com o Brasil”, diz, com certa ironia. O País é o principal mercado para a empresa na América Latina. “Aumentamos bastante o número de funcionários aqui, em mais de 50%. Temos investido no ecossistema de parceiros, seja em provedores de serviços como Telefonica e NTT [Data], ou grandes consultorias como Deloitte, por exemplo. Pode ser um parceiro bem especializados em cibersegurança como a Agitlity, só para ficar em um exemplo bem brasileiro.”

Reisinger diz que o cenário do Brasil o agrada, porque “as incertezas econômicas são menores no Brasil do que na Europa”, diz, fazendo um paralelo do Brasil com a Alemanha. “O Brasil é para a América Latina o que a Alemanha é para a Europa, mas aqui não existe uma dependência de gás, por exemplo. E mudar isso leva anos.”

Segundo ele, o Brasil também é exemplo em termos de gerenciamento e migração de aplicações para a nuvem. “Vocês estão mostrando como fazer essa migração mais forte”, disse.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

É claro que o País também é relevante no mercado de cibersegurança porque, bem, ele é um alvo. Reisinger explica que o Brasil é o mais atacado na América Latina tanto por ter “assets interessantes”, incluindo infraestrutura crítica, dados e dinheiro, como também pela conexão que o País tem com o resto do mundo, sendo parte fundamental da cadeia de valores globais.

“Vocês têm um setor financeiro muito saudável. Observo quando falamos com os grandes bancos brasileiros, é incrível. E vocês são muito interessantes em termos de know how industrial”, diz.

Apesar do gap de mão de obra local, o CEO também considera o País um “ótimo lugar para encontrar talentos”, seja jovens saindo das universidades ou profissionais de TI migrando para o mercado de cibersegurança. A empresa tem estratégias para atrair talentos, que incluem desde incentivos de recrutamento, formação e tornar a empresa “o lugar mais legal para trabalhar”.

“É importante compartilhar com as pessoas que elas são o ativo mais importante para nós. São elas que inovam e que ganham a confiança do cliente”, ressalta o executivo.