PIX abre oportunidades para novos produtos digitais

Febraban Tech PIX

Em 2020, quando o PIX foi lançado seu objetivo era acelerar a digitalização e elevar os pagamentos digitais no País, eliminando os custos de impressão de notas. Até dezembro de 2022, o Banco Central apurou que já foram mais de 4 bilhões de transações via PIX, crescimento de 70% em comparação com o ano anterior. Já são mais de 71 milhões de brasileiros que adotam o modelo de pagamento.

Os números, segundo Mayara Yano, assessora sênior do Banco Central do Brasil, mostram a força do modelo e são fundamentais para o crescimento do País como um todo. Em painel no Febraban Tech, que acontece nesta semana em São Paulo, a especialista afirmou que quando surgiu o PIX tinha uma agenda clara de evolução, que envolvia muitas possibilidades. “A visão de futuro macro é poder usar o PIX para qualquer situação de pagamento e transferência. Transferência entre pessoas foi imediato, pagamento de empresas via QR Code teve um tempo de adaptação e em maio deste ano passou de 5% para 29%, mas ainda há muitas outras possibilidades”, observou ela.

Segundo ela, no cronograma estão pautas permanentes como segurança e experiência do usuário, mas ainda o PIX automático, que ainda não tem nome totalmente definido, mas vai viabilizar pagamentos recorrentes, mediante autorização do usuário. Ela explica que, diferentemente do débito automático, essa função será mais acessível, tanto para empresas ofertarem soluções, quanto para negócios que vendem pagamentos recorrentes.

Outras opções que estão emergindo incluem o PIX crédito, para parcelamento no PIX. Algumas instituições bancárias já estão ofertando a modalidade e o Banco Central acompanha de perto para entender como seguir com iniciativas no entorno.

Outra novidade que está no radar é o PIX internacional. Essa função, contudo, explica Mayara, segue sendo estudada e pode seguir por dois caminhos. O primeiro deles é a criação de plataforma central e os países se conectam a ela. A segunda possibilidade são interligações bilaterais, que podem ser mais simples em um primeiro momento, mas têm desafios de escala. “Temos acompanhado algumas iniciativas no mundo. Já usamos padrões internacionais, como chaves, APIS, que são requisitos que vão facilitar esse caminho, mas para operar e fazer compra internacional por meio do PIX é um pouco mais complexo, porque depende de cada jurisdição”, detalhou ela.

Os bancos Bradesco, Itaú Unibanco e Citi, presentes no painel, indicaram que precisaram se adaptar para a nova realidade do PIX e que os benefícios são muitos. Graziela Pellecchia, head de Pagamentos Instantâneos do Bradesco, contou desde o princípio, para o Bradesco o desafio esteve ligado à experiência do usuário. “Entendemos que teríamos de criar jornadas mais simples e que facilitassem a utilização, sem deixar de lado, claro, a segurança”, contou ela. Agora, o Bradesco está em uma trilha de turbinar seu PIX com inteligência artificial (IA), na esteira da BIA, IA que o banco usa há seis anos.

Cristina Gouveia, diretora de tecnologia do Itaú Unibanco, observou que o PIX passou a disponibilizar serviços financeiros para uma camada que não tinha acesso. “O uso do PIX nos últimos anos cresceu e se mantém em altos volumes no pós-pandemia. Se olharmos os tickets médios desses instrumentos são baixos, o que mostra que houve bancarização. O PIX também agora quebrou o paradigma do horário por 24×7”, observou ela.

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Cristina Gouveia, diretora de tecnologia do Itaú Unibanco,

PIX e a experiência

Essa movimentação, apontou Cristina, também incentivou o banco a pensar em novas experiências para seus clientes. “O PIX e o open banking fazem com que a gente estude bastante a forma que vemos o cliente, suas diferentes necessidades e formas para que sejamos mais competitivos”, pontuou.

Com essa provocação e outras tantas voltadas para a experiência do cliente, o Itaú passou, por exemplo, a atuar por meio de squads e comunidades, que olham para as jornadas dos clientes. “Entendemos o cliente não só conversando com ele, mas para dar pistas para onde o cliente está indo, de acordo com a jornada dele. O Itaú está focado no desenho da jornada. Temos quatro princípios: simples, seguro, estar em todos os lugares que fizeram sentido e ágil, usando a melhor tecnologia para entregar o mais rápido possível o melhor produto para o cliente”, completou.

Patricia Sousa, diretora de plataformas digitais e cartões comerciais do Citi, também revelou que o PIX trouxe reflexões para a jornada do cliente e melhoria da experiência. “Vemos com bons olhos as novidades que estão por vir”, falou sobre o futuro do modelo. Ela enxerga, ainda, diversas evoluções para as empresas.

“Quando vamos para o B2B, a decisão pelo PIX toma mais de tempo e vamos ver o crescimento desse segmento também. Entendemos que há uma mudança na jornada de tesouraria que está mais acostumada com o horário padrão de 9h até 18h. Nesse processo, temos visto não só a área de tecnologia ganhando protagonismo, mas a tesouraria sendo parte dessa mesa e parte da resolução de problemas”, finalizou ela.