Bancos digitais de nicho surgem para preencher lacuna de bancões

Febraban Tech Banco digitais de nicho

O crescimento frenético das fintechs tem um motivo: preencher a lacuna deixada pelos bancões. Bancos digitais de nicho atuam com produtos e serviços especializados e conquistam usuários, muitas vezes preteridos pelos grandes bancos. No Febraban Tech, evento de tecnologia para o setor financeiro que acontece nesta semana em São Paulo, o tema foi destaque em um dos painéis.

Fernanda Ribeiro, CEO da Conta Black, apontou que esse cenário deu esteira para o surgimento da Conta Black, hub de produtos financeiros para pessoas pretas e periféricas. Ela contou que Sérgio, seu sócio, é um empreendedor preto que consumia serviços de bancos tradicionais e, quando precisou de crédito, teve o pedido negado.

“Ele tinha os requisitos necessários para obter o crédito. Contudo, sabemos que existe um problema de vieses e a partir daí entendemos com uma possibilidade de negócios. A Conta Black nasce para atender pessoas como nós. Saímos de um cenário de bancarização para hiperbancarização. Os bancos de nicho saem à frente porque entendem as especificidades dos clientes”, observou ela, complementando que ao olhar para o lado é possível constatar poucas pessoas pretas, o que mostra a necessidade de contar com bancos de nicho.

Leonardo Senra, do next, do Bradesco, conta que o next nasceu em 2017 no contexto de atender aos Millenius, ávidos por serviços digitais que prezam pela experiência do cliente sem filas e sem a necessidade de ir a uma agência.

Para Senra, bancos digitais, contudo, estão agora em movimento parecido com os grandes e mirando eficiência e até mesmo olhando para fusão e aquisições. “A corrida virou o vento e vemos um movimento das fintechs e contas de nicho, que têm uma marca mãe mais forte, de eficiência sem deixar cair o serviço para o cliente, olhando para dentro e fazendo mais com menos.”

De gerações ao B2B

A exemplo do next, o NG. Cash também foi criado para atender a uma geração específica: a Z. Criado em 2021, na PUC-RJ, o objetivo era construir a maior solução para esse público na América Latina. “Levantamos dinheiro para consolidar nosso plano de crescimento, fortalecer nosso time e ampliar o portfólio de produtos. Temos mais de 1 milhão de contas abertas, atuando com serviços como PIX, cartão, boleto e recarga de celular”, contabilizou Petrus Arruda, cofundador e COO do NG.Cash.

Na visão do executivo, a estratégia de nicho é a melhor para otimizar a experiência do cliente. “A partir do moimento que tem foco, resolve problemas específicos. Bancos de nicho entendem que o valor de experiência vai além do financeiro”, reforçou ele.

Atendendo clientes do mercado corporativo, o 2GO Bank fornece tecnologia para negócios operarem com vários bancos liquidantes e surfa agora a grande onda do mercado de tecnologia. “O mercado de tecnologia, em geral, e o financeiro incluído nele, passa por uma transformação grande. Isso tanto com bancos de nicho, quanto de players grandes. Nós nascemos atendendo mercado de nicho, de criptoativos.

Enquanto os grandes players, há quatro anos, não estavam olhando para essa frente e não queriam contas de empresas nesse nicho, investimos na parte jurídica para dar embasamento, tecnologia para automação e podemos falar que somos os maiores liquidantes de criptoativos do Brasil, com tudo automatizado de ponta a ponta”, detalhou Cyllas Elia, CEO e fundador da 2GO Bank.