Solidão: como lido com meus momentos solitários

Solidão é coisa que a gente acha que só a gente sente, o que nos faz sentir ainda mais sozinhos. Aquele sábado à noite em que parece que a humanidade está fazendo brindes coletivos com chopps gelados, seguidos de risadas abertas. E a gente está como? De pijama escrevendo essa crônica. É importante ressaltar que estar sozinho é diferente de se sentir sozinho. Ficar só porque queremos um pouco de sossego é ótimo. Ficar só por falta de opção é solidão. E isso não é tão legal. É fundamental saber que sentir solidão de vez em quando é sinal de humanidade. Quem diz que nunca sentiu, mentiu. E aliás, vai ter muita gente, inclusive no meio de muita gente, que vai estar tão ou mais solitário do que eu e você.

Teve uma época em que, para mim, ficar sozinha em casa tinha um agravante: medos reais. De quê? Espírito, ladrão e ET, ué. Tenho algumas dicas do que fazer e não fazer naqueles momentos em que bate a solitude. Vamos lá: pode comer, mas não preencha o vazio com leite condensado. Quem vai ficar acompanhada será sua barriga (de uma camada de gordura). Beber um pouco pode ser bom. Muito é arriscado. Ficar bêbado sozinho, imaginando o chopp alheio, pode nos jogar ainda mais pro buraco. Instagram nem pensar. Se puder, apague o aplicativo (temporariamente). Vai ter um festival de fotos de gente feliz, disfarçando a própria solidão.

Não se compare. A comparação é o que fazemos para nos provar que estamos mais miseráveis do que os outros. Me ouça: todo mundo tem problemas e dias ruins. E não são poucos. Agora, o que fazer. Caminhar, ouvir música, ler. No meu caso, maltratar o violão e soltar a voz. Tem também o “The Crown” na Netflix. A Rainha Elizabeth pode ser uma boa companhia. Arrumar gavetas de papéis ou fazer uma limpa nas meias (pra que tantas?!), também é uma boa ideia. A sensação de fazer algo produtivo trás satisfação. Ir ao cinema sozinho. A pipoca preenche o coração. Os gases depois não. Não dá pra ter tudo.

Lavar o cabelo no salão, com direito a massagem. Cabelereiros ficam abertos até tarde no fim de semana. Ligue para outro solitário. Sempre tem. Bom, agora vou tomar banho, meditar, ler, tocar violão e ver “The Crown”. De repente fiquei muito ocupada e terei que organizar meu tempo livre. O fato é que, às vezes, não é fácil ficar sozinho, mas, se pensarmos bem, podemos ser a nossa melhor companhia.