Teoria de “duas pizzas” da Amazon pode redefinir inovação nas empresas?

A imagem mostra um grupo de pessoas sentadas ao redor de uma mesa compartilhando pedaços de pizza em um ambiente iluminado, com luz natural entrando pelas janelas. Elas parecem estar em um momento descontraído e colaborativo, possivelmente em uma pausa no trabalho ou em uma reunião informal. Cada pessoa segura ou pega um pedaço de pizza, e o clima parece amigável e leve. A interação sugere um cenário de trabalho em equipe, com um tom descontraído, destacando a colaboração e a união.

A inovação é a moeda mais valiosa das empresas em uma era de transformações exponenciais. No grandioso palco do re:Invent 2024, realizado nos Estados Unidos, Werner Vogels, CTO da Amazon, destacou a teoria das “equipes de duas pizzas” como um pilar essencial no cenário de inovação. Ele enfatizou como essa abordagem estratégica tem sido fundamental para impulsionar a criatividade e a agilidade na gigante de tecnologia, permitindo que a Amazon continue a liderar com soluções inovadoras e responder rapidamente às demandas do mercado em constante evolução.

Mas será que essa estratégia, concebida por Jeff Bezos, fundador da Amazon, ainda tem lugar nas empresas modernas? E mais importante, ela realmente entrega os benefícios prometidos ou é apenas mais uma moda passageira?

Equipe de duas pizzas

Imagine uma equipe tão pequena que você consegue alimentá-la com apenas duas pizzas. Essa é a essência da teoria proposta por Bezos. Em um mundo em que estruturas corporativas grandes e burocráticas isolam e minam a criatividade, a proposta de equipes enxutas desafia a lógica convencional. Mas por que exatamente equipes menores são vistas como mais eficazes? A resposta está na famosa máxima de que menos é mais.

Quando Bezos criou o conceito, bateu na tecla de que equipes pequenas, com menos camadas hierárquicas, minimizam a burocracia e maximizar o tempo dedicado à inovação.

Segundo ele, isso não apenas acelera os processos, mas também aumenta a satisfação dos funcionários, que se sentem mais valorizados e impactantes. Você já ouviu falar no Efeito Ringelmann? É a tendência de a produtividade individual diminuir conforme o tamanho do grupo aumenta. Equipes de duas pizzas evitam esse fenômeno, mantendo cada membro altamente engajado e produtivo. Em teoria, isso cria um ambiente em que cada contribuição conta e a eficiência é maximizada.

O que é preciso para adotar a estratégia?

Segundo a Amazon, colocar em prática a estratégia exige mais do que simplesmente reduzir o número de membros da equipe. É preciso empoderar os times, gerando autonomia, removendo obstáculos burocráticos e estabelecendo mecanismos de decisão claros. Líderes devem atuar como facilitadores, não como controladores, permitindo que as equipes experimentem e inovem sem barreiras.

Benefícios

Os defensores das equipes de duas pizzas apontam para inúmeros benefícios: agilidade, fomento à cultura de inovação, melhoria na satisfação do cliente e eficiência operacional. Empresas que implementaram essa estratégia relatam um crescimento acelerado e uma capacidade superior de responder às mudanças do mercado.

Duas pizzas na prática

Charles Schweitzer, CEO da Tanto, que atua com tecnologias para gestão de benefícios, compartilha sua experiência com o modelo durante sua trajetória no Banco Carrefour, onde implantou, em conjunto com o processo de transformação digital, o conceito das “equipes duas pizzas” como parte essencial da estratégia para melhorar a experiência do cliente.

“Cada etapa da jornada do cliente contou com uma squad dedicada e multidisciplinar, equipada com KPIs próprios. Essa abordagem permitiu que as squads se tornassem verdadeiramente ágeis e autônomas, focando de maneira eficaz nas necessidades específicas dos clientes e promovendo uma cultura de inovação contínua na instituição financeira”, revela ele.

De acordo com o executivo, a estrutura enxuta e multidisciplinar das equipes de duas pizzas possibilitou decisões rápidas, maior alinhamento estratégico e entregas que realmente atendiam às necessidades reais dos clientes. “Essa configuração destacou o potencial transformador da colaboração ágil no setor financeiro, demonstrando como a redução da burocracia e a diversidade de competências dentro das squads podem acelerar a inovação”, conta.

Além disso, prossegue, o time de inovação aberta se integrava às squads sempre que necessário, promovendo um ambiente colaborativo. Esse ciclo contínuo de experimentação e aprendizado foi fundamental para manter a relevância e a competitividade do Banco Carrefour no mercado, lembra ele.

Para líderes que formam ou alocam membros para essas equipes, Schweitzer enfatiza a importância de orquestrar um time multidisciplinar que representa interesses divergentes na organização. Isso exige um equilíbrio delicado entre autonomia e suporte, além da capacidade de mediar conflitos e harmonizar diferentes visões.

Para ele, promover accountability é essencial para garantir que cada membro da equipe se sinta responsável pelos resultados alcançados. “Diferentemente dos líderes do passado, que valorizavam o status quo com foco em orçamento, tamanho da equipe e influências de corredores, os líderes desse novo formato buscam resultados concretos. Os KPIs orientam o sucesso e os valores da Amazon, como “Have Backbone, Disagree and Commit”, complementam perfeitamente essa abordagem, incentivando uma cultura de debate saudável e comprometimento com as decisões tomadas, independentemente das divergências iniciais”, finaliza.

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