Xi Jinping condena repressão ocidental contra a China em meio a tensão com EUA

O presidente chinês, Xi Jinping, condenou na noite de segunda-feira, 6, durante a sessão legislativa anual em Pequim, a ‘repressão’ ocidental contra a China, estimulada na sua opinião pelos Estados Unidos, e pediu ao setor privado mais inovações para que o país seja menos dependente do exterior. “Os fatores incertos e imprevisíveis aumentaram consideravelmente para a China. Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos iniciaram uma política de contenção, cerco e repressão contra a China, que provocou severos desafios, sem precedentes, para o desenvolvimento do nosso país”, declarou o presidente de 69 anos, que deve obter um terceiro mandato durante a sessão parlamentar anual. China e Estados Unidos travam uma batalha acirrada pela fabricação de semicondutores, componentes eletrônicos indispensáveis para o funcionamento dos smartphones, veículos conectados ou equipamentos militares. As ambições de Pequim para desenvolver tecnologia de ponta esbarram nas restrições crescentes de Washington e seus aliados, levando as empresas chinesas a redobrar os esforços para prescindir de importações cruciais.

balão chinês

Foto fornecida pela Marinha dos EUA mostra marinheiros designados para o Grupo 2 de Descarte de Artilharia Explosiva recuperando um balão de vigilância de alta altitude na costa de Myrtle Beach, Carolina do Sul, no oceano Atlântico, em 5 de fevereiro de 2023 │PETTY OFFICER 1ST CLASS TYLER THOMPSON / US NAVY / AFP

Em nome da segurança nacional, os EUA multiplicaram nos últimos meses as sanções contra os fabricantes de semicondutores chineses, que agora não podem obter tecnologia americana. “Diante das mudanças profundas e complexas, tanto a nível internacional como na China, devemos permanecer tranquilos, concentrados… atuar de forma proativa, demonstrar unidade e ousar lutar pelo sucesso”, disse Xi. As empresas privadas “devem tomar a iniciativa e seguir o caminho de um desenvolvimento de qualidade. Um grande país de 1,4 bilhão de habitantes deve confiar apenas em si mesmo nesta questão porque os mercados internacionais não podem nos proteger”, insistiu. As disputas entre Pequim e Washington aumentaram nos últimos anos sobre questões como Taiwan, a soberania no Mar da China Meridional, o desequilíbrio da balança comercial ou o tratamento da minoria muçulmana uigur.

As relações entre os países ficaram ainda mais tensas em fevereiro, quando o governo dos Estados Unidos derrubou um balão chinês que, afirmou, era usado para espionagem, o que a China nega. O incidente levou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma visita diplomática a Pequim, onde pretendia abordar uma série de temas importantes. O ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, lamentou o estado atual das relações China-EUA. O chanceler defendeu que as relações entre as duas potências deveriam ser baseadas no “interesse comum e amizade, e não na política interna americana e esta espécie de neomacartismo histérico”, em referência à caça às bruxas contra o comunismo da década de 1950 nos Estados Unidos.

*Com informações da AFP