Abuso de crianças, mortes e danos psicológicos: o que o Senado dos EUA discute sobre a responsabilização das big techs


Na audiência realizada essa semana nos EUA, Mark Zuckerberg pediu desculpas a familiares de crianças e adolescentes afetadas por conteúdos de exploração sexual infantil disponibilizados nas redes sociais. Em audiência no Senado americano nesta quarta-feira (31), Mark Zuckerberg, pressionado, voltou-se aos pais de crianças afetadas por conteúdos de exploração sexual infantil disponibilizados nas redes sociais e pediu desculpas.
“Desculpe por tudo que vocês passaram. Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram.”
A audiência havia começado com com a exibição de um vídeo em que jovens relataram que foram vítimas de crimes sexuais nas redes sociais. E de familiares que falaram sobre a perda de seus filhos e ergueram, silenciosamente, fotos de crianças e adolescentes.
Em entrevista ao podcast O Assunto desta sexta-feira (2), Kelli Angelini, advogada especialista em educação digital e autora do livro “Segredos da internet que crianças e adolescentes ainda são sabem”, diz acreditar que o pedido de desculpas de Zuckerberg “não muda muito o que está por vir”.
“Não é possível saber qual é a intenção efetiva do pedido de desculpas. Se há realmente uma empatia com as famílias que tiveram vítimas, se tem alguma intenção por trás de diminuir a responsabilização ou legislação que vem a responsabilizar.”
Mas que “escancarar” o que está acontecendo com crianças e adolescentes em redes sociais em audiências como essa, nos EUA, alimenta o debate e as discussões sobre o assunto no mundo, inclusive no Brasil.
No Sedado dos EUA, Mark Zuckerberg olha para familiares que levantam fotos de filhos vítimas de abusos e exploração sexual nas redes sociais
REUTERS/Evelyn Hockstein
“A gente ainda não tem legislações que tratem efetivamente da responsabilização das plataformas digital de um modo geral, especialmente no Brasil, mas o assunto está em debate mundial. […] O que se pede hoje é a adoção de medidas para proteção dessas crianças e adolescentes e quando não adotadas, que elas sejam responsabilizadas pela omissão.”
Para Angelini, é preciso tratar do desamparo de crianças e adolescentes nas redes sociais para que elas estejam efetivamente protegidas de danos à saúde mental e à vida.
“Hoje, o cenário é o seguinte: elas [big techs] estão lucrando com as crianças e adolescentes no uso das redes sociais, É lucrativo para ela.”
Ouça a íntegra do episódio.
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Redes sociais são incapazes de proteger crianças e adolescentes, afirma advogada
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Carol Lorencetti, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Sarah Resende.
VEJA CORTES DO PODCAST O ASSUNTO EM VÍDEO