Meio ambiente, um imperativo de sobrevivência para o planeta e as empresas

Especialistas e cientistas estão há vários anos alertando sobre os efeitos das mudanças climáticas em nosso planeta e seus riscos para a sociedade como um todo e os setores produtivos. Parece, entretanto, que governos, empresas e indivíduos se deram conta dessa urgência e estão começando a medir plenamente esses riscos e como mitigar seus efeitos.

O relatório de prioridades do CEO 2022-23 do Gartner revelou que, pela primeira vez, os CEOs estavam colocando a sustentabilidade ambiental em suas 10 principais prioridades de negócios. De fato, 74% concordaram que o aumento dos esforços ambientais, sociais e de governança (ESG) atrai investidores para seus negócios e, entre os 80% que pretendiam investir em produtos novos ou aprimorados nos próximos dois anos, a sustentabilidade ambiental foi citada como o maior impulsionador.

Esses dados reforçam que para manter seus negócios, as organizações digitais devem, portanto, implementar iniciativas sustentáveis que possam assumir diferentes aspectos.

O ano de 2022 trouxe desafios inesperados para muitas empresas devido a três fatores de pressão: alta inflação, escassez de talentos e problemas na cadeia de suprimentos. No entanto, o que é bom para o planeta também pode ser bom para as atividades. Um estudo global do Capital Group confirmou a importância das iniciativas sustentáveis, e apontou que 90% das organizações pesquisadas adotaram soluções ESG, um aumento significativo em relação aos anos anteriores.

Os consumidores são atraídos e impactados por credenciais ambientais fortes, impulsionando as vendas. A McKinsey informou que mais de 70% dos consumidores pagariam mais por produtos com boas credenciais ambientais. E as reduções no uso de energia (particularmente em um mundo onde esses custos estão em espiral) impactam positivamente tanto as metas ambientais quanto os resultados. Os esforços de sustentabilidade também podem reduzir os custos operacionais, tornando-se um foco de negócios inteligente.

Dados alarmantes mostram que os data centers respondem por mais de 3% do uso global de eletricidade. Isso é mais do que todo o consumo anual de eletricidade de países como o Reino Unido. Então, o que exatamente as organizações estão começando a fazer para reduzir seu impacto no meio ambiente?

As organizações estão reduzindo seu impacto ambiental migrando para a nuvem. Apesar da computação em nuvem ter uma enorme pegada de carbono, se todos os dados, serviços e processamento fossem movidos de volta para fora da nuvem e executá-los em data centers privados e em dispositivos locais, a situação seria significativamente pior.

Além disso, muitos data centers agora permitem aumento em sua temperatura ambiente. O argumento tem sido sustentado há muito tempo que temperaturas mais elevadas não afetam materialmente o desempenho do hardware e, portanto, dificilmente se justifica resfriar o ar abaixo de 20 graus Celsius.

No entanto, esta discussão ainda não está encerrada, porque embora agora esteja provado que o consumo de energia diminui devido à redução da necessidade de ar-condicionado, os equipamentos de hardware acabam por consumir mais energia quando se eleva a temperatura do termômetro.

Do ponto de vista da sustentabilidade, a outra tecnologia de data center a ser observada é o resfriamento de circuito fechado, que substitui pisos elevados em muitos casos. Neste tipo de sistema, o ar resfriado é reciclado. Ele opera de forma mais eficiente, consome muito menos energia e transfere melhor o calor para longe das fontes de emissão.

Ambos os pontos destacam a complexidade do debate ambiental dentro das empresas digitais e provam que o benchmarking e a medição são a chave para a melhoria. Os CIOs experientes estão, portanto, começando a perceber a importância de seu papel na coleta, compartilhamento e análise de dados precisos e rastreáveis para impulsionar os esforços de sustentabilidade. Sem o gerenciamento de dados estratégicos, o trabalho seria feito no escuro tentando determinar se os melhores esforços fazem alguma diferença.

A última ação sustentável é a redução de resíduos. Isso inclui reduzir o uso de embalagens, ou o recondicionamento e doar hardware em fim de vida útil (reduzindo os resíduos de aterros sanitários), bem como examinar a cadeia de suprimentos e fazer perguntas críticas sobre de onde os produtos vêm e para onde vão.

Os maiores ganhos são frequentemente alcançados como parte de um projeto de transformação e podem ser impulsionados por um objetivo primário diferente. Assim, a adaptação da infraestrutura de segurança e redes poderia, em última análise, reduzir o desperdício, sem que esse fosse seu principal objetivo.

Embora essas iniciativas sejam essenciais para administrar os negócios e atender às necessidades e valores de clientes e funcionários, muitas empresas enfrentarão maiores desafios para se manterem competitivas no futuro. Ainda assim, vale a pena iniciar esses esforços, mantendo-se a par das experiências e iniciativas bem-sucedidas de outras empresas.

De fato, todas as evidências científicas indicam que o tempo que leva para começar a fazer mudanças significativas antes que nosso estilo de vida seja irreparavelmente danificado está ficando cada vez mais curto.

*Neil Thacker é CISO para a região EMEA da Netskope