Putin não vai comparecer à cúpula dos Brics em agosto; líder russo corria risco de ser preso

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não vai comparecer à cúpula dos países dos Brics, realizada em agosto na África do Sul, informou neste terça-feira, 19, a presidência da nação africana. Há meses haviam especulações de que o líder russo pudesse comparecer, mesmo em meio a possibilidade dele ser preso, uma vez que, em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um pedido de prisão para Putin por crimes de guerra em territórios ucranianos. A visita do chefe de Estado da Rússia havia se tornado um tema controverso para África do Sul, uma vez que, se ele realmente fosse, o país seria obrigado a cumprir, se necessário, o mandato pelo fato de reconhecer o tribunal.

“Por acordo mútuo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da reunião de cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, o senhor Sergei Lavrov”, disse Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, em um comunicado. O governo sul-africano sofreu fortes pressões internas e externas para não receber o presidente russo, que é procurado pelo TPI por suas acusações de deportar ilegalmente crianças ucranianas. Em um comunicado divulgado, Ramaphosa escreveu que prender Putin seria uma declaração de guerra à Rússia. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov disse que “está absolutamente claro para todos” quais são as consequências de uma possível prisão do presidente russo.

A decisão foi tomada após inúmeras “consultas” realizadas por Ramaphosa nos últimos meses, a última dela na noite de terça-feira, 19, disse Magwenya, confirmando que os líderes dos demais países do grupo estarão presentes no encontro. A África do Sul exerce atualmente a presidência dos Brics, o grupo das cinco grandes potências emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O encontro está marcado para 22 e 24 de agosto, em Johannesburgo. A África do Sul insiste em sua posição de neutralidade sobre a guerra na Ucrânia, mas é acusada de ter uma simpatia maior por Moscou.